sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Passei no mestrado em Ciência Política da USP

Eu voltei, agora pra ficar... pois aqui, aqui é meu lugar! Eu voltei, pras coisas que deixei, eu voltei... 


Anteriormente, deixei um 'aviso' que precisaria parar com as leituras - pelo menos por um tempo, para poder estudar, estudar e estudar. O sacrifício valeu a pena:

PASSEI NO MESTRADO EM CIÊNCIA POLÍTICA NA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO- USP


Não sou expert em deixar uma imagem apresentável, mas, vale a intenção!rs

E, apesar desse post não estar diretamente ligado à um comentário de um livro, vale destacar os livros que foram lidos para conquistar uma vaga no Departamento de Ciência Política da USP:


1.CARVALHO José Murilo (2001).Cidadania no Brasil. São Paulo: Civilização Brasileira.
Introdução, Caps 2 a 4 (pgs 7-13; 86-229)
2. FIGUEIREDO, Argelina. M. C. (1993) Democracia Ou Reformas ? Alternativas
Democráticas À Crise Política. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 209 p.
3. FIGUEIREDO, Argelina e LIMONGI, Fernando (1999). Executivo e Legislativo na nova
Ordem Constitucional. Rio de Janeiro: Ed.FGV. Caps 1 (19-39); 2 (41-72) e 4
(101-123)
4. KINZO, Maria D´Alva. (2004). “Partidos, eleições e democracia no Brasil Pós-1985.”
In Revista Brasileira de Ciências Sociais, n. 54, vol. 19.
5. KINZO, Maria D'Alva (1988). Oposição e Autoritarismo: gênese e trajetória do PMDB,
1966-1979. São Paulo, IDESP. Caps 1(15-36); 3(65-84); conclusão (217-227)
6. LAMOUNIER, Bolívar. (1992) “Estrutura institucional e governabilidade na década de
90”. In Reis Velloso, João Paulo dos (org.). O Brasil e as reformas políticas.
Rio de Janeiro: José Olympio.
7. LEAL, Vitor Nunes (1975). Coronelismo, Enxada e Voto. São Paulo: Alfa-Omega.
Capitulo 1 (19-57), Capitulo 6 (219-249) e Capítulo 7 (251-258)
8. MENEGUELLO, Rachel.(2010) "Aspectos do Desempenho Democrático: Estudo
sobre a Adesão à Democracia e Avaliação do Regime", in Moisés, J. A. (org)
Democracia e Confiança - Por que os Cidadãos Desconfiam das Instituições
Públicas?São Paulo: Edusp.
9. NICOLAU, Jairo .História do Voto no Brasil. (2002) Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora.
10. NICOLAU, Jairo. (2004). “Partidos na República de 1946: Velhas teses, Novos
Dados” in DADOS, Vol 47, No. 1. Págs. 85-128.
11. SOARES, Gláucio A. (1973) Sociedade e Política no Brasil.São Paulo, Difel. Caps IV (69-
93) e IX (214-231)
12. SOUZA, Maria do Carmo Campello (1976). Estado e Partidos Políticos no Brasil (1930 a
1964). São Paulo: Alfa-Ômega. Capítulos 4, 5 e 6.
13. STEPAN, Alfred (org.) (1988) Democratizando o Brasil. Rio de Janeiro, Paz e Terra.
Partes I e IV. Pgs 27-134; pgs 441-627.

14. BULL, Hedley (2002). A Sociedade Anárquica. Coleção Clássicos IPRI, Brasília: Editora
UnB. Capítulos: I, II, III, IV e V.
15. DEUTSCH, Karl (1982). Análise das Relações Internacionais. Brasília: Editora UnB.
Parte I, capítulos I, II e III e IV.
16. FONSECA, Gelson (1998). A legitimidade e outras questões internacionais: poder e
ética entre as nações. São Paulo: Paz e Terra. Partes I (Teoria) e II (Legitimidade).
17. LAFER, Celso (2001). A identidade internacional do Brasil e a política externa
brasileira: passado, presente e futuro. São Paulo: Editora Perspectiva. Capítulos I, II e III.
18. KANT, Immanuel (1989). A paz perpétua. Porto Alegre: L&PM. Seções I, II e III.
19. MORGENTHAU, Hans (2003). A Política Entre as Nações. Coleção Clássicos IPRI.
Brasília: Editora UnB. Capítulos: I, III, XI, XII, XIII e XIV.
20. NYE, Joseph S. (2009). Cooperação e Conflito nas Relações Internacionais. São Paulo:
Editora Gente. Capítulos: 1, 3, 7 e 9.
21. PINHEIRO, Leticia (2004). Política Externa Brasileira. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora.
22. ROSENAU, James & CZEMPIEL, Ernst-Otto (orgs.) (2000). Governança sem governo:
ordem e transformação na política mundial. Brasília: Editora UnB. Capítulos: 1, 3, 5 e 9.
23. VELASCO CRUZ, Sebastião (2004). Globalização, democracia e ordem internacional:
ensaios de teoria e história. Campinas: Editora UNICAMP. Capítulo 8.
24. WALTZ, Kenneth (2002). Teoria das Relações Internacionais. Lisboa: Gradiva. Capítulos: 4, 5 e 6.
25. WALTZ, Kenneth (2004). O homem, o estado e a guerra: uma análise teórica. São Paulo: Martins Fontes. Capítulos: II, IV e VI.



Sim, foram 25 livros em dois meses! Então, eu não parei de ler... Fora, a produção do projeto! Mas, valeu a pena. E, com licença poética: "Tudo vale a pena quando' alma não é pequena!"
Agora, aproveitar as férias e colocar a paixão em dia, pois depois, em março, o "bicho vai pegar"!!! 

domingo, 10 de junho de 2012

Um mundo brilhante

GREENWOOD, T. Um mundo brilhante. Ribeirão Preto: Editora Nova Conceito, 2012. 336 páginas


"O que fazer quando o mundo que você vive não é o lugar a que você pertence?" Essa é a principal pergunta do livro. Confesso, que ainda não descobri a resposta!!!


Sabe quando chega aquele momento em que você fecha o livro, depois de terminá-lo e vem aquela sensação boa e a grande pergunta: E? 


Não sei dizer se gostei ou não do livro, inclusive, pela primeira vez desde que comecei a escrever nesse humilde blog, eu não sei o que escrever...


Bom, o personagem principal se chama Ben Bailey. Doutor em História, que durante o dia leciona na Universidade local e a noite, trabalha em um bar. Não se sente realizado com sua profissão e se questiona sobre seu relacionamento com Sara, com quem está noivo, mas vive fugindo de marcar a data de seu casamento. Porém, sua vida está sob controle, até...


Até que, em uma manhã de domingo, pós-Halloween, Ben encontra Ricky, desacordado sob a neve em frente a sua casa. E, é a partir daí que a vida de Ben muda. Ele conhece a irmã de Ricky, Shadi e fica encantando por ela. Ao mesmo tempo, ele começa a investigar a morte de Ricky, pois acredita que ele foi vítima de um crime racial (afinal, eles eram 'índios') . E assim, se dá inicio a uma investigação sobre quem cometera o crime, surgem os questionamentos e as dúvidas sobre sua verdadeira paixão e o passado volta para atormentá-lo. 


Ah, e claro, sempre há aquele 1segundo, uma única decisão, que pode mudar a vida de uma pessoa ... de várias pessoas, para sempre!


Não sei como classificar esse livro, se é um livro policial ou um romance!Esperava mais dele... Mas, é uma leitura fácil e tranquila, que conclui em 3 noites!


A melhor passagem do livro:


"Segredos. Como pequenos sapos escondidos em seu bolso. Não se pode esquecer deles porque estão sempre se mexendo ali dentro, contorcendo-se, tentando escapar. Você sabe que, a qualquer momento ali dentro, um deles pode conseguir subir e pular para fora do seu bolso, revelando-se para o indo com um coaxado estridente. E quanto mais você esforça para tentar contê-lo, para tentar escondê-lo, mais se esforçam para escapar." p.285

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Pulmão de Aço - uma vida no maior hospital do Brasil

ZAGUI, Eliana. Pulmão de Aço: uma vida no maior hospital do Brasil. São Paulo: Editora Belaletra, 2012. 239 páginas.

Como com músicas, filmes, poesias... há também sempre um livro que marca a vida da pessoa! Mas essa 'marcação' vai além de histórias de amor com felizes para sempre ou com personagens a la Harry Potter que conquistam milhões de pessoas no mundo todo. Há aquele livro que conta a história de uma pessoa de carne,osso e sentimento e que deixa de ser uma simples criação ou obra da ficção... e esse é um bom exemplo disso tudo! Uma história a ser levada pro resto da vida...




Eliana Zagui é a autora dessa obra prima. Autora de sua própria vida. Escreveu a sua história com suas próprias mãos... Ops... não necessariamente com as próprias mãos!

São mais de 38 anos vivendo no Instituo de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas  - São Paulo! E essa é a história de Eliana Zagui....

Febre e dor de garganta constantes foi o argumento usado pelos profissionais de saúde a não vacinarem a menina Eliana. Antigamente, principalmente em cidades pequenas e com pouquíssimos recursos, médicos e atendentes consideravam arriscado imunizar crianças durante o processo inflamatório. O excesso de cautela cobrou um preço altíssimo... e quem pagou foi a própria Eliana.
Um dia, seus pais se surpreenderam ao encontrá-la prostrada. Como era uma criança irrequieta, os pais a levaram para o posto de atendimento, sendo encaminhada à hospitais e clinicas na região - Jaboticabal e Ribeirão Preto - em busca de uma diagnóstico. Enquanto isso, silenciosamente, um vírus agia em seu organismo. 
Porém, apenas na segunda noite de via crucis e graças a ação generosa de dois moradores de Jaboticabal, a menina foi levada para o Hospital das Clínicas com o diagnóstico: poliomielite! A doença havia progredido e a paralisia já havia tomado quase todo o corpo. Além disso, houve um comprometimento do diafragma, fazendo com que, para sobreviver, Eliana tivesse que passar por sessões no pulmão de aço, uma máquina em forma de cilindro para combater a incapacidade respiratório.

Para mais informações sobre a poliomielite: 

Eliana - aos 3 anos

E é assim que começa a ser escrito uma vida toda vivida dentro de um hospital. Eliana deu entrada no HC no dia 9 de janeiro de 19776 e lá vive até hoje! 

Quase 40 anos depois, Eliana ainda vive na UTI do IOT-HC, juntamente com Paulo (que está a mais tempo que ela!) Foi no hospital que conseguiu estudar, aprendeu a ler e a escrever - sempre utilizando objetos preso a boca, concluiu o ensino médio e estudou idiomas. Quer fazer faculdade de psicologia. Atualmente, é artista plástica e é do leito do maior hospital da América Latina que Eliana narra sua trajetória, escreve sua vida, em quase quatro décadas vivendo no HC.

Não seria justo se eu contasse as passagens do livro... também, não conseguiria descrever essa luta tão bem quanto a própria autora. Pode parecer 'senso comum', mas reclamos de barriga cheia. Com o passar das linhas, que por muitas vezes me emocionou, percebemos fragilidade da vida e sua preciosidade! Nem com todos os motivos do mundo para desistir, Eliana, uma guerreira, continuou lutando e, apesar de toda a dificuldade, mantém um lindo sorriso.

É uma linda história de amor pela vida, de persistência, de muita luta e batalhas a serem vencidas e uma lição de vida para qualquer pessoa...

Este, é o blog dela: http://www.apbp.com.br/elianazagui/


"Durante os últimos 36 anos, o hospital tem sido o meu lar, e seus habitantes e trabalhadores, minha família."p.221

" A revolta parou quando percebi que não adiantava nada. Teria de me tornar minimamente independente. Precisava fazer um esforço. É bem isso que sou hoje: minimamente independente. Sei escrever, teclar, pintar, atender telefone, virar as páginas de um livro, mas dependo demais dos outros. Além de cuidarem da minha higiene e alimentação, tenho de esperar que coloquem os objetos ao meu alcance. Então, realizar essas tarefas com a boca é o que me ajuda e me sentir viva e me dá um gosto de dignidade. De outro modo, seria um vegetal." p 174

quinta-feira, 7 de junho de 2012

DELÍRIO

OLIVER, Lauren. Delírio. Rio de Janeiro: Instríseca,2012.  336 páginas


"É inútil tentar curar a perda de um grande amor. O que o torna esse amor tão grande é justamente o fato de não ter cura." (autor desconhecido)


Talvez essa seja a melhor frase que encontrei para resumir o livro: o amor e cura! De acordo com o dicionário, há muitas definições para explicar a palavra Amor, que esta sempre ligada à coisas boas, bonitas, sentimentos puros... Porém, para o governo dos Estados Unidos da América (lembrando que é uma ficção!), amor é a pior das doenças, ou mais conhecida como "Amor Delíria Nervosa".

Que atire a primeira pedra quem nunca sofreu por amor e que, o que mais desejou era - como em um passe de mágica - conseguir apagar toda dor causada! Mais ou menos, como o filme Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembrança - Joel (Jim Carrey) e Clementine (Kate Winslet) formavam um casal que durante anos tentaram fazer com que o relacionamento desse certo. Desiludida com o fracasso, Clementine decide esquecer Joel para sempre e, para tanto, aceita se submeter a um tratamento experimental, que retira de sua memória os momentos vividos com ele. Porém, aqui a história não chega a esse ponto, pois o governo passa a realizar um tratamento para livrar a população desse mal.

Há mais de 64 anos, foi identificado que o amor era uma doença, a mais mortal de todas, há 43 anos, a cura para esse mal foi descoberta! E, assim, toda ser humano que completa 18 anos é obrigada a passar por esse tratamento, que faz com que a pessoa se esqueça de momentos 'felizes' que passou antes de ser curado e, principalmente, que não corra o risco de sentir o pior dos sentimentos: o amor. Tão temido, tão destruidor... Desde pequena, a pessoa é educada e formada para passar pelo processo de cura, sendo educada tendo como base a cartilha Shhh - Suma de Hábitos, Higiene e Harmonia.

Os sintomas dessa doença varia entre estresse, problemas cardíacos, ansiedade, depressão, hipertensão, insônia e transtorno bipolar. "É o mais mortal entre todos os males: você pode morrer de amor ou da falta dele" (p.09)  E assim, o livro se desenvolve, contando, principalmente, a história de Lena, que está se preparando para a grande mudança em sua vida, para o tratamento que é tão esperado e que, finalmente, vai livrá-la desse mal. Lena, ao lado de sua grande amiga Hana, contam os dias para a grande libertação, principalmente Lena, que tem seu passado marcado pela doença - sua mãe acometida pela doença Amor Delíria Nervosa, e mesmo depois de ter passado por três intervenções, ela comete o suicídio. E mostra que o passado sempre volta...

"Contarei um segredo, esse para o seu próprio bem. Você pode pensar que o passado tem algo a dizer. Pode pensar que deveria ouvi-lo que deveria se esforçar para entender seus murmúrios, que deveria se inclinar ao máximo para escutar sua voz sussurrada se erguendo do chão, dos lugares mortos. Pode pensar que há algo ali para você, algo para ser entendido ou decifrado.
Mas eu sei a verdade: sei pelas noites de Frieza. Sei que o passado vai arrastá-lo para trás e para baixo, fazendo com que você tente se agarrar aos sussurros do vento e aos ruídos das folhas batendo umas nas outras, tente decifrar algum código, tente consertar o que foi quebrado. Não tem jeito. O passado não passa de um fardo. Ele pesará dentro de você como uma pedra. 
Vá por mim: se ouvir o passado falando com você, se senti-lo puxando suas costas e deslizando os dedos por sua coluna, a melhor reação - a única reação - é correr." (p.143)

Porém, surge Alex e com ele, todo o passado a ser esquecido de Lena...

E, não posso evitar de fazer uma comparação (afinal, a socióloga tá aqui também): com o argumento de manter a ordem e manter a população salva e segura, o governo toma posturas autoritárias, com vigilância constante - o que me remete à Michael Foucault, em Vigiar e Punir, onde o modelo do panóptico surge como uma forma de controle e punição. E, isso fica bem claro num dos pontos do Shhh - "Humanos, não regulamentados, são cruéis e caprichosos; violentos e egoístas, desgraçados e briguentos. Apenas quando sues instintos e emoções básicas são controladas é que ele podem ser felizes,generosos e bons" (p.277) Imagina sermos controlados, também, em nossos sentimentos?

Encontrei o Trailer do livro: (em inglês)


E o Book Trailer: (em português)


O livro me surpreendeu! Com uma escrita que flui e que te deixa grudada nas páginas, querendo saber quais serão as próximas linhas, a autora - em seu segundo livro publicado aqui no país: o 1o é "Antes que eu vá" - ganhou uma leitora e que está ansiosa pra ver seu segundo livro, a continuação de Delírio, Pandemônio.  E será uma trilogia!!! Esse foi mais um livro que comprei por causa da capa - estava na fila da livraria, com outro livro na mão e, quando olho pra prateleira, ele está lá, em sua capa, brilhando, reluzindo... gritando Delírio! E não me arrependo - li em três noite!!! Vai além do amor simples e juvenil, vai além de uma rebeldia de adolescente... é a luta pelo direito de decidir, de amar e sofrer por ele!

E encerro com duas passagens que valem a pena serem destacadas:

"Aquele que tenta alcançar alcançar o sol pode cair. Mas também pode voar." antigo ditado (p.326)

"Mas tenho um segredo. Você pode construir paredes até o céu, mas eu encontrarei uma maneira de voar por cima delas. Pode tentar me prender com cem mil braços, mas eu encontrarei um jeito de resistir. E há muitos de nós por aí, mais do que você imagina. Pessoas que se recusam a deixar de acreditar. Pessoas que se recusam a pôr os pés no chão. Pessoas que amam em um mundo sem muros, pessoas que amam em meio ao ódio á recusa, com esperança e sem medo. Eu amo você. Lembre-se. Eles não podem tirar isso de nós." 

*escrito ao som de Sarah McLachaln - Angel: http://www.youtube.com/watch?v=i1GmxMTwUgs

quarta-feira, 23 de maio de 2012

O céu dos suicidas



LÍSIAS, Ricardo. O céu dos suicidas. Rio de Janeiro: Objetiva/Alfaguara; 2012. 186 páginas. 

É o terceiro livro que leio da coleção Alfaguara, da editora Objetiva, e pode ser que eu esteja enganada, mas ao que tudo indica, os livros são todos excelentes.  Pelo menos, os outros dois que eu li e mais esse...
Não me lembro se já comentei isso em algum outro texto, mas há algumas coisas que me levam a comprar um livro, principalmente, sem conhecer o autor e a história. A capa - se me chama a atenção, pego e levo! E, o título - adoro títulos diferentes e criativos/inteligentes... então, quando se tem os dois, é compra na certa. Já me decepcionei com alguns livros que comprei e li por pura teimosia (ex: ver post Unhas), mas, nesse caso, nem um pouco...

O livro tem um mistura de ficção com realidade, com um personagem irreal e outro real... Bem poderia ser uma passagem na vida real, mas... vou precisar de mais pesquisas pra saber se é tudo verdade ou não!


O personagem principal é o próprio autor, melhor, o nome do personagem principal: Ricardo Lísias. Um colecionador nato e um doutor em Hístória que se encontra perdido, desestruturado, sem rumo, após o suicídio de um grande amigo e embarca numa odisseia em busca de respostas e já não consegue mais se reconhecer em seus próprios pensamentos e atos.

Em "O céu dos suicidas", Ricardo é um especialista em coleções, perito em assimilar a aura dos objetos e que, no fim de sua adolescência, descarta sua coleção de selos e tampinhas, que o dá a impressão de ter renunciado à própria autenticidade. Mas, ao retomar sua coleção de selos, recebe uns envelopes de sue tio-avô, que são correspondências entre as cidades de Santos-Brasil e o Líbano. Sabe-se lá porque, ele insiste que o tio-avô era um terrorista e vai em busca de provas!

Mas, as viagens de Ricardo não se limita ao Líbano. Desde que seu amigo André se suicidou, ele se culpa por não ter feito nada para impedi-lo (principalmente, pelo fato de ter sido a última pessoa a ver André vivo) e num passa a enlouquecer e a ter intermináveis insônias (para que insônia, sabe o pesadelo que é!)por causa de uma única pergunta sem resposta: para onde os suicidas vão depois que morrem? A cada pergunta, a mesma resposta: não há céu para quem comete o suicídio! E isso vai corroendo a sua sanidade, pois ele se nega a simplesmente aceitar que, por melhor que seja a pessoa, mesmo que esta comete o suicídio, ela merece o seu céu.

O livro é muito bom! Não conhecia as obras do autor, mas, ao pesquisar a respeito dele, há outras obras tidas como tão boas quanto essa. É um texto tranquilo e gostoso de se ler! Por muitas vezes, imaginamos o sofrimento que o personagem passa para conseguir uma única resposta e a sua revoltar em não tê-la! Há um exagero (que provavelmente é proposital) que dá maior realidade a cada linha. Essa passagem traduz muito bem o drama,  o desequilíbrio emocional, a culpa que o personagem passa...

"De novo, começo a chorar. Não consigo resistir. Estou chorando porque o André se enforcou uma semana depois de ir embora da minha casa. Choro porque falei que na minha frente ele não iria se cortar. Na minha casa,não. Estou chorando nesse hospício chique porque só fico nervoso. Nesse hospício chique. Fico nervoso e ao mesmo tempo me sinto um fraco. E choro porque não entendi nada. Comecei a chorar no meio de todos eles porque coloquei um apelido no André. A gente ria muito. Choro porque a gente ria muito, porque o coloquei para fora de casa e uma semana depois me ligaram para dizer que ele tinha se enforcado. O meu amigo estava muito sozinho. O meu amigo se enforcou. Não paro de chorar porque o André tinha se enforcado, porque só fico nervoso e porque todo mundo diz que quem se mata não vai pro céu. Não consigo parar de chorar agora." pp.55-56

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Mortos entre Vivos

LINDQVIST, John Ajvide. Mortos entre vivos. São Paulo, Tordesilhas; 2012. 352 páginas

E mais uma vez, cá estou, escrevendo sobre zumbis... E, nesse caso, o livro trata além de uma simples narrativa de mortos que 'acordam' e vivem como mortos-vivos, ou, zumbis! Só que, pelo primeira vez, leio um livro que trata os seres de uma forma diferente, buscando entender e mostrar que eles podem 'sentir' alguma coisa - não como nós humanos sentimos, mas, sentir! E, o melhor exemplo disso, principalmente para lembrar que os zumbis eram pessoas 'normais' antes da transformação, é o vídeo, postada a baixo, intitulado Zombie in a Penguim Suit - de Chris Russel, disponível no youtube: (Assistam - até o fim, vale a pena!) 






Agora, vamos ao livro...

O autor de Mortos entre Vivos, o sueco John Ajvide Lindqvist, teve como obra de estréia  Låt den rätte komma in - que aqui no Brasil foi traduzido como Deixa ela entrar - 2004, e tem sido aclamado como o novo mestre do terror. Esse é o seu segundo romance (2005), que a primeira vista tem uma narrativa simples, o surgimento de zumbis nas ruas de Estocolmo. Porém, o grande detalhe: a abordagem da complexidade psicológica e social do assunto!

Apesar de ser considerado como terror, e de ter cenas que realmente parecem que está passando um filme de terror, daqueles que fechamos os olhos de tanto medo, o livro é muito triste... é doído! É triste mesmo. O drama que os personagens passam que é aterrorizante! Aflitivo!

"A morte é apenas a agulha que abre o olho para que você finalmente possa ver a luz em que vivíamos." Eva-Stina Byggmästar.

De repente, os aparelhos eletrônicos param de funcionar, uma onda de calor e cefaleia (vulgo dor de cabeça!) acomete a todos... são prenúncios de um fato que vai mudar a vida das pessoas! Numa determinada noite, os mortos recentes voltam a vida sem nenhuma explicação (aparente!), levando à população ao terror, ao desespero e, principalmente, ao saudosismo. E o Governo sem saber o que fazer... 
A história se desenvolve a partir de três família e 5 personagens principais: a garota Flora e sua avó Elvy, o jornalista Mahler e sua filha Anna e o humorista David. Cada um com seu sofrimento e reação... David perde a esposa, Mahler tenta 'resgatar' o neto morto, Elvy que acredita ser um sinal de Deus e de sua ira contra os Homens e Flora que, teoricamente, dá a entender ser a personagem mais importante e que desvenda o mistério, mas que se perde ao longo do livro!

E assim, tudo se desenvolve... E, está enganado quem pensa que nesse caso os mortos voltam para se alimentarem dos vivos, ou buscarem o ente querido e que eles sejam os principais personagens. Os 'redivivos'  são entes queridos falecidos, que  com seu retorno, despertará nos vivos sentimentos que foram interrompidos, em busca de uma segunda chance para corrigir os erros, perdoar ou ser perdoa, prorrogar a despedida ou até mesmo conseguir dizer adeus.

Na verdade, há mais um conflito psicológico entre a morte e a vida do que a mera descrição de quem morreu e voltou  ... o autor retrata os mortos-vivos em seu final, a grande explicação! Que, de acordo com um amigo que também leu o livro, uma explicação 'kardecista'! 

Em vários momentos, o livro se torna cansativo, chato, com coisas que considero desnecessárias e falha em abordar passagens mais interessantes. A parte mais chocante do livro é a tentativa desesperada do jornalista Mahler em trazer de volta seu neto Elias, que havia falecido um mês antes. E, na minha opinião, é o melhor personagem do livro! 








terça-feira, 15 de maio de 2012

Trilogia da Escuridão - Noturno, A Queda e Noite Eterna


DEL TORO, Guillermo & HOGAN, Chuck. Noturno. Rio de Janeiro, Rocco; 2009. 463 páginas.
_________________________________ . A Queda. Rio de Janeiro, Rocco; 2010. 349 páginas.
__________________________________. Noite Eterna. Rio de Janeiro, Rocco; 2012. 414 páginas.


Foram exatamente 484 dias, ou 1ano e 4 meses, de espera para ler o terceiro e último livro da Trilogia da Escuridão, de autoria de Guillermo Del Toro (sim, irmão do ator Benício Del Toro!) e de Chuck Hogan. E, valeu cada minuto de espera... o livro é de tirar o fôlego!!! 
Del Toro já é conhecido por ter dirigido filmes como Blade II e Hellboy I e II e, o melhor dele, O Labirinto de Fauno.. portanto, só com o seu curriculum, já pode-se ter uma ideia do que podemos esperar de seus livros!

A "Trilogia da Escuridão"  tem como Livro I -  Noturno (2009)... 

"Eles estiveram por aqui. Em silêncio e na escuridão. Esta noite a hora deles chegou. Vampiros... em uma semana, Manhattan será destruída. Em um mês, os Estados Unidos. Em dois meses - o mundo."

Os livros falam de vampiros. Mas, esqueça a imagem romantizada dos vampiros ( a la Crepúsculo) ou que são meros 'sugadores' de sangue ( a la Bran Stoker)! Aqui, eles são uma mistura de vampiros com zumbis e são apavorantes e muito nojentos! Seu esteriótipo é aterrorizante (imagino como seriam se, por acaso, o livro for filmado - que, ao que tudo indica, será!)... São seres considerados uma praga, analogia feita - no livro I - aos ratos! Isso, uma praga de ratos! 

Tudo começa no Aeroporto Internacional JK, em Nova Iorque, em um Boeing 777 da Regis Airline, vindo de Berlin... Até aí, nada de anormal, o problema é que, de repente, o avião apaga, as janelas se fecham e os canais de comunicação são silenciados! Nenhum sinal de vida... Nada! Os passageiros são dados como mortos e surge o pânico de um possível ataque biológico. Dessa forma, o Dr. Ephrain Goodweather - responsável pelo Projeto Canário, do Centro de Controle de Doenças, é acionado e é o primeiro a subir a bordo do avião... e é aí que o seu pior pesadelo inicia! 

O protagonista da história é o próprio Dr. Eph, uma pessoa normal, tranquilo, divorciado e que só quer passar o seu tempo ao lado de seu filho Zac.Tem uma relação um tanto quanto conturbada com sua ex-mulher, Kelly e tenta manter uma relação amorosa com Nora, colega de trabalho.

Além desses personagens, outros surgem ao decorrer dos livros... 

O foco passa, principalmente nos livros I e II, para Abraham Setrakian, um senhor dono de uma loja de penhores, sobrevivente do Holocausto, e grande especialista em Vampiros. Além dele, surge Vasily - que trabalha com controles de pragas, e, com o passar das linhas, percebemos que nenhum personagem surge por acaso e depois desaparece... está tudo interligado.

Uma "pandemia vampiresca" se espalha por todo a cidade de Nova Iorque... E o Livro I dá início à essa trilogia sensacional. O livro prende do início ao fim, e, na última página, já comecei a contar os dias para ler a sua continuação...

O Livro II - A Queda (2010), os autores conseguiram manter o mesmo nível de suspense e de criatividade. Normalmente, quando se fala em trilogia, o segundo livro é sempre mais fraco, coisa que não acontece aqui! É emoção do princípio ao fim... A tensão da história tem início com Noturno e se mantém em A Queda. 

Nesse livro,já ocorreu uma pandemia mundial. É descoberto pelo Dr. Eph, que é através de um vírus devastador que a humanidade está sendo condenada. Durante as 349 páginas, algumas questões são levantadas, tal com a origem dessa mal, quem é ou o que é o Mestre, e descobertas são reveladas, como a ideia do 'Ente Querido', que é quando uma pessoa ao ser transformada, volta para buscar seu ente! Ou seja, nesse caso, a ex-mulher de Eph - Kelly, é contaminada e volta para buscar seu Ente Querido - Zack , seu filho. Além do 'combate entre o bem e o mal', em A Queda o leitor começa a entender como tudo realmente começou e a guerra travada pelo Mestre para conquistar o mundo.

Surge também, nesse segundo livro, as crianças cegas, que como o nome diz, são crianças transformadas em seres controlados pelo Mestre, cegas e que nos remete á uma imagem assustadora...mesmo! 

No livro há, também, uma excelente (imagino em um filme!) combate entre Setrakian e o Mestre (Sem Spoiler - Ok!), que merce toda a atenção e nos leva ao êxtase! Sim, chegamos (eu cheguei!) a torcer e vivenciar cada movimento!

E, finalmente, depois de muitos dias, mais de um ano de espera e alguns emails enviados para a Editora Rocco (sim, eu fiz isso!) FINALMENTE, é lançado no Brasil o terceiro e último livro da séria A Trilogia da Escuridão...  Livro III - Noite Eterna.
(Aqui vale um comentário: Estava eu, mera mortal e leitora, em um Shopping em São Paulo e, como de costume, vou direto para a livraria... e, ao entrar, me deparo com um funcionário levando os livros para serem expostos... preciso dizer que olhei pra ele e disse, 'um é meu!'? Acho que não,né?rs)


"Saber era a pior parte. Ter consciência de insanidade não torna uma pessoa menos  insana. Ter consciência de estar se afogando não torna a pessoa menos propensa a se afogar, só acrescenta a isso o fardo do pânico. O medo do futuro e a lembrança de um passado melhor, mais alegre, contribuíam tanto para o sofrimento  de Eph quanto a própria praga vampiresca." (p.16/17)

Só com essa passagem já dá pra sentir o clima do Livro III... É muito tenso. Tudo bem que às vezes a sensação que se tem é que os autores se perderam um pouco na história, mas é só virar a página que tudo volta ao normal! E tem momentos de tirar o fôlego! 

Já se passaram 2 anos desde o início da contaminação. Agora, a raça humana está  á beira na aniquilação e os vampiros estão dominando o mundo.  Enquanto a noite domina o dia, o sol aparece  por apenas 2h a cada dia, e a noite eterna persiste, contribuindo para a propagação da peste. Houve extermínio em massa - onde os mais poderosos, os mais inteligentes, mais ricos e mais influentes Homens foram dominados pelo Mestre. Surgem, assim, novas castas, como humanos que não foram transformados, segregados por características como: os inúteis,  os reprodutores e a sangria (pessoas com sangue tipo B e que sustentam o vasto exército do Mestre.)

O futuro da humanidade (sim, é isso mesmo!) está nas mãos do D. Eph, de Nora, Vasily e o sr. Quilan, descendente do Mestre que busca por vingança. A história toda gira em torno desses personagens, além de Zack e do Mestre. O livro mistura ficção com história, principalmente bíblica, pois os arcanjos Miguel, Gabriel e Ozriel também surgem. O eterno conflito entre o bem e o mal, entre Deus e o 'Diabo', e a eterna vingança e traição.

O Livro III fecha com chave de ouro a Trilogia da Escuridão! O final chega a ser triste e ainda continuando pensando se poderia ter sido diferente... Talvez não!
Ao que tudo indica, mesmo, e informações que saíram aqui é que a trilogia será mesmo filmada e, tenho certeza, assim como o livro, valerá a pena! 

"Hoje a noite pertence a eles, e a escuridão pode ser eterna. Em poucos anos, a epidemia de vampiros dominou o planeta, escravizando a humanidade para a alimentação e deleite do Mestre. Aparentemente, eles ganharam. Aparentemente, pois, em algum lugar lá fora, uma rede de humanos livres mantém a resistência viva."

quinta-feira, 29 de março de 2012

Momentos de Decisão

BUSH, George W. Momentos de Decisão. São Paulo, Ed. Novo Século, 2012. 599 páginas.

Anjo ou diabo? Talvez essa seja a melhor pergunta para definir o ex-presidente dos Estados Unidos, George W. Bsuh. E, acredito que talvez não consiga respondê-la! Mas, vamos lá...

O livro é autobiográfico - portanto, um pouco suspeito! Divido em 14 capítulos, narra a sua história de vida, principalmente, nas decisões que foram tomadas enquanto exercia o cargo de presidente. Mas, os capítulos mais esperados certamente são aqueles que falam de suas decisões pós-11 de setembro.Só que o livro decepciona um pouco. Realmente, ele não entrega tudo...(que já era de se esperar!)

O livro incia com uma confissão, que nãos sei se todos sabiam: Alcoolismo. O ex- presidente era alcoólatra! E,descobre isso após uma pergunta de sua esposa - Laura, questionando se ele lembrava qual fora a última vez que ele não tinha bebido álcool. Depois disso, ele conta sua vida antes de sua vida pública.

Uma passagem que me chamou muita a atenção foi quando ele comenta que não é nada fácil ser filho de político (lembrando que seu pai - George H. W. Bush, foi o 41o presidente dos EUA, de 1989-93). Sei bem o que é isso...

Para quem se interessa, o livro é uma aula de política estadunidense. No capítulo 3 - Equipe, ele escreve sobre a difícil missão de montar uma ótima equipe, desde a escolha de um 'simples' aliado à escolha do vice-presidente. E, mais uma vez, para quem entende e estuda o assunto, deve concordar comigo que ele fez boas escolhas: Dick Cheney - vice, Donald Rumsfeld - secretário de Defesa, Condoleezza Rice - Conselho de Segurança Nacional e Colin Powell - secretário de Estado. Com certeza, os últimos três foram os grandes nomes da Era Bush. E, também foi falado das crises internas de seus governo, principalmente dos conflitos entre Rumsfeld e Powell (que não é muito diferente daqui do Brasil, onde há crises, conflitos, 'queda de braços' entre ministros...). Poucas decisões tomadas por Bush filho foram tão sensatas do que a escolha de sua equipe. 

ATENÇÃO: antes de me mandarem para a fogueira, não estou defendendo ninguém, apenas realizando uma análise política e estratégica ! E será a única! Juro!!! 

Mas, continuando...

Sua história política todo mundo conhece e, caso não, existe o 'São Google' para ajudar, portanto, vamos para o que realmente interessa - os atentados terroristas do 11 de setembro de 2001 e suas consequências.

Como todo mundo sabe, no dia 11 de Setembro de 2001, o presidente dos Estados Unidos é comunicado que os Estados Unidos da América estão sob ataque. São quatro aviões sequestrados, sendo que dois foram direto para as torres gêmeas do Word Trade Center, um para o Pentágono e outro, que ia em direção à Casa Branca, foi derrubado pelos próprios passageiros. De acordo com as palavras do próprio George W. Bush:
"Minha primeira reação foi de indignação. Como alguém ousava atacar os Estados Unidos?" (p.172 - grifo meu)


Antes do ataque, porém no mesmo dia, o relatório diário da CIA abordava a Rússia, a China e os conflitos na Faixa de Gaza. Agora, me pergunto, como  a maior potência política, econômica e militar do mundo não sabiam que seriam atacados? Bom, o livro não me deu essa resposta!  No total, 2.996 pessoas morrem no 11.09.01 e, o pós 11 de setembro?

Ele dedica três capítulos sobre esse assunto: 6. Em pé de guerra; 7. Afeganistão e 8. Iraque.

Novamente, sugiro o São Google para quem quer saber mais a respeito das Guerras do Afeganistão e do Iraque, mas, vou comentar o que mais me deixou perplexa...

Vou transcrever:

"Sob minha direção, o Departamento de Justiça e os advogados da CIA fizeram uma cuidadosa análise jurídica e concluíram que o programa aprimorado de interrogatório respeitava a Constituição e todas  as leis aplicáveis , incluindo as que proibiam a tortura.
Dei uma olhada na lista de técnicas. Duas delas passavam dos limites, mesmo sendo consideradas legais. Orientei à CIA a não usá-las. Outra técnica era o afogamento simulado. Certamente um procedimento severo, mas os especialistas médicos garantiram à CIA que não causavam danos permanentes.
(...) Acima das suposições, a escolha entre segurança e valores era real. Se eu não tivesse autorizado a aplicação do afogamento simulado a líderes do alto comando da Al Qaeda, teria de aceitar a ameaça de um novo ataque ao país. (...) Assim sendo, eu aprovei o uso das técnias de interrogatório." (p.224. grifos meus)


Apenas uma observação:  Afogamento simulado é uma técnica de tortura...


E o ex-presidente continua...

"Anos depois, uma vez que a ameaça parecia menos urgente e as tendências políticas mudaram, muitos legisladores se tornaram críticos contundentes, acusando os americanos de cometerem  tortura ilegal. Não era verdade. Altas autoridades jurídicas do governo dos Estados Unidos analisaram os métodos de interrogatório e me garantiram que não constituíam tortura. Sugerir que nossos funcionários da inteligência violaram a lei ao seguir orientação jurídica que receberam é insultante e errado." (p.227. grifos meus)

Bom, aqui cabe um: George W. Bush, o senhor é um fanfarrão! 

Um outro capítulo interessante é sobre o Iraque... Nesse, ele praticamente - não de forma tão clara, mas que foi uma grande besteira que eles fizeram. Afinal, não foram encontradas armas de destruição em massa. As primeiras bombas caíram em Bagdá em 19 de março de 2003. Lembrando que o presidente dos EUA tomou  a decisão de invadir o Iraque sem a autorização da ONU. Saddan Houssein foi deposto do poder e morto em 30 de dezembro de 2006.

Nos outros capítulos, nada de muito novo! O velho e bom discurso de liberdade e democracia tomam conta das linhas. Desde a relação com a Rússia até o furacão Katrina, que devastou a costa do Golfo, em Nova Orleans. 

Tem ainda muita coisa para discutir a respeito da biografia de George W. Bush, mas não vou me alongar. Acho, inclusive, que já escrevi muito. Mas, apesar de tudo, é um livro que vale a pena ler! Tentar entender o que pensa, como as decisões são tomadas, qual a postura de um 'líder político'... E, por mais que não concordemos com sua postura e com seu discurso, ele entrou para a história e só ela pode dizer se as decisões tomadas foram ou não certas! 

E, para encerrar, nada melhor do que uma frase que marcou a Era George Walker Bush:

"A guerra é nada mais do que a continuação da política por outros meios." Karl von Clausewitz 

terça-feira, 6 de março de 2012

Onze

WATSON, Mark. Onze. São Paulo: Rai, 2011.

Sabe aquela velha história de que a propaganda é a alma do negócio? Pois bem, esse livro é um grande exemplo disso... Na capa do livro: "Se você adorou Um dia, de David Nichols, este livro é para você." Na verdade, não é bem assim! O livro Um dia é beeeem melhor que este e a história então, diferentes!

Apesar de não ser um grande livro, mas história/tema é boa! Narra a vida de 11 personagens que sem saberem, estão interligados. O personagem principal se chama Xavier Ireland, australiano, mas mora em Londres e é radialista do programa Linha da Madruagda, que tem como ouvintes insones à espera de palavras de conforto.


O mais interessante é que um simples ato, de uma única pessoa pode e atinge diretamente outras 10 pessoas, uma reação em cadeia com inevitáveis e inimagináveis consequências. Portanto, uma ação não feita por Xavier muda a vida de 1) Alessandro Romano - barman italiano, 2) Edith Thorne - apresentadora de TV, 3) Stacey Collins - jornalista,  4)Maggie - psicóloga, 5) Roger - corretor imobiliário, 6) Ollie - corretor imobiliário, 7) Jullius - estudante e obeso,8) Andrew Ryan - proprietário de um restaurante,9) Jaqueline Carstains - crítica gastronômica, 10)  Frankie - filho de Jaqueline. 



Esse livro me fez pensar sobre os nossos atos e suas consequências. Pode parecer auto-ajuda, ou 'momento de filosofar', mas é verdade... Impressionante como uma única pessoa consegue transformar a vida de outras tantas, como um simples ato, uma decisão, uma palavra dita... uma única coisa, pode ser capaz de mudar uma vida! Isso me lembra uma frase que li recentemente, que fala sobre consequência...

 "Não há nada no mundo, nem recompensa, nem castigo, o que há são consequências." Robert Green Ingersoll

Um ato... muitas vidas...

"Numa quitinete alugada em Tottenham, o barman italiano Alessandro Romano está com o coração partido ao voltar para a casa, às duas da manhã, porque foi abandonado por sua amante Edith Thorne, porque ela tinha de salvar o casamento, porque foi denunciada pela jornalista Stacey Collins, porque sua amiga Maggie perdeu a fé no emprego e decidiu espalhar os podres de seus clientes, porque um corretor imobiliário chamado Roger foi rude com ela, porque ele recebeu acidentalmente uma mensagem desagradável de seu colega Ollie, que estava usando um celular provisório, porque o seu BlackBerry foi roubado por um garoto gordo, Julius, porque o garoto precisava de dinheiro para a mensalidade da academia, porque ele foi despedido pelo dono do restaurante egoísta Andrew Ryan, que estava reagindo a uma crítica destrutiva, que foi escrita por Jaqueline Carstain, que estava de ma humor porque o filho dela, Frankie, foi espancado, porque Xavier não impediu os agressores."p.221

domingo, 26 de fevereiro de 2012

A Casa

VIANCO, André. A casa. Osasco: Novo Tempo; 2008. 227 páginas


É impressionante como as histórias escritas em algumas páginas conseguem nos levar para um mundo no qual não pertencemos, com personagens que não convivemos e vidas que não são nossas, mas que, ao lermos a ultima linha, temos a certeza de que, mesmo sendo outras vidas, poderiam ser as nossas vidas! Nos envolvemos de tal forma que imaginamos cada personagem, vivemos cada história e sofremos cada dor sentida! E esse livro é um grande exemplo disso... Por sinal, quem vê a capa desse livro não imagina que seja tão "tocante e sensível, surpreendente e hipnótico. Uma viagem obrigatória para os que buscam algo para mexer com a mente e o coração."

Acredito que pouquíssimas pessoas conheçam o escritor André Vianco, brasileiro, morador de Osasco/SP e que é mais conhecido pelos seus livros de vampiros (que são excelentes!). Porém, quem ainda não teve a oportunidade de ler um livro dele, comece por esse! Não é a primeira vez que leio esse livro e cada vez que o faço, tenho as mesmas sensações, tal como a primeira vez!

São páginas recheadas com a história de quatro pessoas que, em algum determinado momento de suas vidas deram um passo errado, ou mesmo foram transformados por passos errados de outras pessoas, mas que mudaram suas vidas. Foram anos de sofrimento, de muita dor, muito arrependimento e eternos questionamentos de "por que eu?", "por que comigo?"... Vidas transformadas, vidas destruídas, vidas sem esperanças, vidas sem vida!

Mas, por ironia - ou não - do destino ou da vida, essas quatros pessoas tiveram a oportunidade de voltar e consertarem o passado. Que, como dizia W. Shakespeare: Jogamos o passado no abismo, mas não nos viramos para ver se ele está realmente morto. E, ele nunca está! Só que naquele momento, naquele exato momento em que entram na casa e ficam diante da sua porta, da porta da sua vida, cada um teve a chance à uma segunda chance!

É impossível não se emocionar com as palavras escritas nesse livro! Já na primeira página, o autor tem a sensibilidade de começar com um simples e forte resumo do que vamos encontrar nas próximas 227 páginas:

"Vou contar a história de quarto corações perdidos, quatro corações que foram açoitados e que neste conto vão se encontrar. Quatro corações que estiveram naquela casa e que nela acharam a paz. Não duvide do poder da casa, pois eu já estive lá, e a força é de impressionar. Ela cura qualquer coração. Não sei se você me entendeu bem, mas eu disse: "qualquer" coração."

É um livro que fala da dor da perda, do arrependimento, dos erros cometido, da falta de esperança, da solidão, da vontade de voltar ao passado, da necessidade de perdoar e ser perdoado!!! É um livro lindíssimo, sensível, triste, encantador e que, com certeza, vai ter arrancar muitas lágrimas...

"Hélio tirou uma lágrima que desprendia do olho. Em seguida passou a mão sobre o cabelo da filha. Abaixou-se e beijou-lhe a testa. Acalmou-se. sabia a história de cor, mesmo assim, esforçando-se para não desatar o aperto de mão, apanhou o livro na cabeceira. Abriu na página que exibia o cavaleiro em frente à cela do  calabouço, brandindo sua espada heroicamente.
-"...vem, princesinha!- bradou o valente fidalgo. - Saia da escuridão e vamos embora daqui. Não tenha medo princesinha, pois eu já matei o dragão e venci a malvada bruxa. Já limpei o caminho até nosso ensolarado castelo onde te espera o amor e a compreensão. Vem, princesinha! Deixa essa cela escura e me dê a mão". - declarou o pai de Mariana, emocionado, olhando para a pequena princesinha que, finalmente, por obra divina, atendia seu chamado e apertava-lhe a mão."p.227

domingo, 19 de fevereiro de 2012

De Esperança e de Promessa

BOURDIN, Françoise. De esperança e de promessa. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2011. 322páginas


Mais um livro, mais um história de idas e vindas... "a la Xico Sá": 


Que o amor é como campeonato baiano, tem ida e volta, turno e returno: “O que importa, /É que um dia você volte, pra ficar,/ Vá, conheça, tudo que não pude oferecer, /Vá pela vida adormecida dos seu olhos, /Pela avenida, ao encontro das ilusões, /E quando você se cansar...”   (http://xicosa.folha.blog.uol.com.br/)


Mas, não é tão simples como os versos de Wando!!!


Nessas idas e vindas, partidas e chegadas, turno e returno... muitos corações partidos e histórias mal acabadas - ou não acabadas...


O livro conta a história de Anaba, uma jovem francesa ameríndia, que se apaixona por Lawrence, canadense, advogado bem-sucedido e com um futuro brilhante, e começam a escrever uma bela história de amor... porém, no dia do seu casamento, em frente ao tribunal de Montreal, Anaba vê seu sonho se tornar pesadelo! Depois de muito esperar, em seu vestido de noiva e ao lado da sua irmã, Stéphanie, recebe a notícia que jamais imaginou: Lawrence desistira do casamento! De acordo com Augustin (melhor amigo do noivo), o motivo foi a falta de preparo para o casamento e para construir uma família!


Vendo sua vida desmoronar, como coração partido e, pior, a sua alma ferida, se sentindo humilhada e desrespeitada, Anaba retorna à França e tenta retomar a sua vida! Vai morar com a irmã - depois de ter vendido tudo para ir morar em Montreal - em uma cidadezinha na região na Normandia, começa a trabalhar em um antiquário q Stéphanie mantém em sua casa, restaurando imóveis e quadros.


O tempo passa e Anaba tenta cicatrizar as feridas. Enquanto isso, Lawrence - em Montreal - vê sua vida mudar por completo! Extremamente endividado, perde o emprego e todo o status que a vida lhe proporcionou. De acordo com o livro, o personagem não para de pensar em Anaba, que vai tentar reconquistá-la a qualquer custo! 


Há dois personagens bem interessantes: Augustin, que é escritor de livros policiais, que tem como personagem principal de seus livros, Max Delavigne, sucesso na profissão e fracasso no amor... e Roland, pai de Anaba e Stéphanie, professor aposentado e apaixonado por livros!


Bom, por muitas vezes isso não ficou muito claro pra mim! A sensação que eu tive é que Lawrence até poderia gostar de Anaba, mas não fiquei convencida de que era amor e que o arrependimento o deixou transtornado! E assim o livro se desenrola... Novos amores, antigos amores, idas e vindas, partidas e chegadas... E, sempre a mesma pergunta: afinal, o amor supera mesmo tudo?


E assim, de acordo com Xico Sá: Que os corpos se entendem, mas almas nem sempre: “Razões tenho demais pra te deixar e ir embora/O que é que eu vou fazer /O que é que eu vou dizer para o meu corpo /Que vai ficar vazio e quase morto”. Que nunca devemos cair no conto das discussões complicadas e labirínticas: “Uma mulher tem os seus desejos loucos, mas no fundo/ Seu coração só quer as coisas mais simples do mundo”. (http://xicosa.folha.blog.uol.com.br/


"- Estou destruído - murmurou ele.
- Você? Não, não inverta os papéis. Você literalmente me pisoteou, Lawrence. O coração, a confiança, a autoestima, tudo ficou em pedaços, achei que nunca ia me recuperar. Mas o pior era o imenso amor com o qual eu não sabia o que fazer, que não tinha mais razão de ser, que caía num vazio. Eu o amava tanto. Você nunca poderá saber o quanto eu o amava, naquela manhã, o quanto confiava em você, em nós..." p. 42

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

É tudo tão simples

LEÃO, Danuza. É tudo tão simples. Rio de Janeiro: Agir, 2011.

Que livro gostoso de ser ler... tranquilo, leve, muito divertido, super engraçado, para descansar a cabeça e com uma boa pitada de ironia!

Nunca tinha lido nada dela, apesar de ser uma colunista conhecida, fui ter contato com sua escrita apenas nesse livro!

A Danuza tenta mostrar que é tudo tão simples, mas que insistimos em complicar tudo! Ah, e não esquecendo, é um livro escrito para mulheres... Portanto, homens, nem tentem ler, pois não entenderam!!!

Além disso, ela dá dicas do que toda mulher pode/deve ter/fazer e do que não deve/pode!

Como disse anteriormente, o texto é leve e cheios de verdades (algumas bem duras!) sobre a mulher, idade, comportamento, relacionamentos, decisões, o dia a dia... Parece uma bate papo de amigas!

"As mulheres mudaram muito mesmo ao longo das últimas décadas: algumas não querem nem ouvir falar em casar e ter filhos, coisa que até uns trinta anos atrás era quase que obrigatório. Elas se deram o direito de fazer escolhas, no lugar de fazer tudo como havia sido combinado, e estão certas;só precisam saber mesmo o que querem, que é o mais difícil."p.26



Dessa vez não vou conseguir escrever muito, pois o meu notebook não está ajudando muito!!!

domingo, 12 de fevereiro de 2012

A Sombra da Lua

SANDFORD, John. A sombra da lua. São Paulo; Arqueiro, 2012. 262 páginas.

De acordo com a publicidade, o autor já vendeu 30 milhões de livros no mundo (sendo esse livro com mais de 3 milhões de exemplares)! Não li os outros dois livros dele "Presa Invisível" e " Presa Fácil", então, me limitarei a este que acabo de ler! Ainda estou me perguntando como ele conseguiu vender tantos livros, pois tendo como base apenas a sua obra mais atual - A sombra da lua, fica difícil imaginar que isso seja possível! O livro é bem 'mais ou menos'... Está longe de ser uma grande livro policial!!!

O livro tem como personagem principal o investigador do Departamento de Detenção Criminal de Minnessota - Virgil Flowers, um experiente policial, que é chamado para solucionar uma sequência de assassinatos que vem ocorrendo em uma cidade pequena - Bluestrem, onde há anos nada parecido ocorria. Além disso, o investigador é também escritor, que tenta desvendar os crimes através de sua própria narração! De repente, três assassinatos consecutivos levantam suspeitas de que o passado é, na verdade, o presente. Ou seja, o motivo dos assassinatos não estava tão 'enterrado' como os moradores da cidade imaginavam.

E assim a história se desenvolve... 


Tudo se resume a um único dia: 20 de julho de 1962! Alguém se lembra dessa data? Pois bem, foi o dia que, pela primeira vez na história mundial, o Homem chegou e pisou na lua! E o que parece ser uma simples data, como qualquer outra, uma festa, recheada de muitas drogas, bebidas e orgias, jamais será esquecida para uma pessoa, que depois de muitas anos, resolve fazer justiça com as próprias mãos. E, as vítimas são aquelas pessoas que viram e nada fizeram... Além disso, o autor se perde em uma outra história, sobre a produção e distribuição de metanfetamina. Não sei se a intenção do autor foi desviar o assunto para confundir o leitor, mas o que aconteceu foi que o livro ficou cansativo, muitas vezes chato e com a sensação de que a segunda história foi simplesmente jogada no livro!

Não foi nada fácil tirar uma passagem marcante do livro, vai a menos pior...

"A maconha não ajudava o raciocínio, mas era uma maravilha: relaxava, as estrelas ganhavam vida.
Precisava se concentrar. Tática. Estratégia.
Soprou a fumaça e viu a Ursa Maior passando, os vaga-lumes piscando, e perdeu-se num lingo devaneio. Por fim, roubou uma flor de um canteiro próximo e, contra a luz que vinha pela janela do quarto, começou a arrancar as pétalas, uma por uma, deixando Deus decidir.
Johnstone, Flowers, Schmidt, Johnstone, Flowers, Schmidt...
A flor tinha dezenas de pétalas, mas a decisão foi incontestável." p. 84

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Outras vidas que não a minha

CARRÈRE,Emmanuel. Outras vidas que não a minha. Rio de Janeiro; Objetiva, 2010. 220 páginas.

Antes de mais nada, que livro triste... doído de verdade! Não conhecia o autor, muito menos esse livro e comprei por causa do título - achei sensacional! Além do título, a história prometia muita emoção! E com certeza, foi emoção do início ao fim...

O livro narra a história de duas famílias e as consequências da perda, da dor, do sofrimento...

Começa falando de um casal que perde a filha de 4 anos e das milhares de pessoas que perderam suas vidas no tsunami, ocorrido no final de 2004, no Sri Lanka. Depois, o livro todo se desenvolve com a história de dois personagens, com histórias de vida semelhantes: Juliette e Éttiene. Juliette (cunhada do autor) enfrentou um linfoma (câncer no sistema linfático) quando tinha 16 anos e, aos 32 anos se depara com um novo câncer de mama com metástase para os pulmões. Por causa da radiação recebida no primeiro câncer, Juliette teve consequências físicas, com limitações nos movimentos das pernas. Mais tarde, casa com Patrice, tem 3 filhas e é juíza em Vienne/França. E é no tribunal que conhece Éttiene, também juiz e que, também passou, quando adolescente, por um câncer na perna e que teve que amputá-la! Portanto, são dois amigos sobreviventes dessa doença e com consequências físicas, exatamente nas pernas!

E assim o livro segue, contando a vida dos outros, ora impactada por notícias boas ora por notícias ruins, ora por alegrias ora por tristezas... E, como sobreviver com a perda prematura? E como seguir em frente, vivendo, depois de tanta dor?

Confesso que foi um livro um pouco difícil de ser lido, principalmente quando o autor fala sobre o impacto do câncer e do tratamento, não só na pessoa, mas em todos que estão ao seu redor! A sensação que se tem é de que a vida está sendo traída, por uma doença tão devastadora, tanto física quanto psicologicamente!

"Talvez seja isto que procuremos ao longa da vida, nada além disto, o maior sofrimento possível para nos tornarmos nós mesmos antes de morrer."p. 103

"Eu queria, esta manhã, que uma mãe estranha fechasse as minhas pálpebras. Eu estava sozinho, fechei-as então eu mesmo." p.12

"Toda vida, evidentemente, é um processo de demolição" p.65 (frase de F. Scott Fitzgerald)

"Mas uma das coisas que ele amara em Juliette é que ela não era a mulher que ele deveria ter tido normalmente. Ele a empurrara, desviara do seu trilho. Ela era a diferença, o inesperado, o milagre, o que acontece uma vez na vida e também se tivermos muita sorte. É por isso que não vou me queixar, concluiu Patrice: tive essa sorte." p. 202

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Unhas

WAINBERG, Paulo. Unhas. São Paulo; Leya, 2010. 248 páginas.

Quem em sã consciência compra um livro com o titulo de "Unhas"? Acho que só eu...
E, assim como o título, o livro é um tanto quanto estranho, sem sentido, e nexo é uma coisa que não existe nele! Uma história realmente 'sem pé nem cabeça'!!!

O livro conta a história de uma homem, com uns 40 anos, pai de família e que possui uma estranha mania de transformar o ato de cortar as unhas dos pés em um ritual (acho que deve ser por isso que o nome do livro é Unhas! Sei lá... ).
Pois bem...


Em um determinado momento de sua vida, ele se cansa da vida levada e resolve começar uma outra vida, anônima e que decide ganhar dinheiro e que lhe proporciona o extremo do prazer,'ajudando' as pessoas a eliminarem as dores de uma paixão impossível! Ele coloca anúncios em jornais, se identificando como 'Unhas', que ele era a solução para os que sofriam de amor! Atenção, esse livro está longe de ser um romance! Ele sequestra e mata as pessoas... tem um irmão que manda matar a irmã por ela não corresponder o amor dele, o pai que mantem uma relação sexual doentia com a filha e que manda matá-la também, e tem o amante que manda matar o marido... e assim a história corre! 

Eu só terminei de lê-lo por pura teimosia... Mas, ô livrinho chato e cansativo! A ideia até que é interessante, ma,s infelizmente, o autor não soube desenvolver a história! (Acredito que ele jamais lerá esse post, mas... Desculpa a sinceridade!)

A parte 'melhozinha' do livro é que o personagem principal adora livros de ficção policial e só! E a melhor parte do livro se resume em 3 páginas - entre as páginas 125 e 127.

E a melhor frase do livro todo é: " Brincando de boa vontade, a humanidade se diverte."p.126

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Um livro por dia: Minha temporada parisiense na Shakespeare and Company

MERCER,Jeremy. Um livro por dia:  Minha temporada parisiense na Shakespeare and Company. Rio de Janeiro; Casa da Palavra, 2007. 318págs.


Tenho que confessar que ao passar das páginas do livro, me deu uma enorme vontade de colocar um pouco de roupa numa mochila e partir rumo à Paris, sem data de volta, sem lenço nem documento e me hospedar nessa simpática livraria. Talvez seja coisa de espírito aventureiro ou uma forma romântica de viver a vida! Imagina passar os dias numa livraria, morando de graça, podendo ler todos os livros que quiser, na hora que quiser, sem preocupação, tendo contato com pessoas de todo mundo e em Paris?! Um dia... um dia...




Pois é exatamente disso que o livro trata: a vida vivida em uma livraria em Paris!

O personagem principal é Jeremy Mercer (o próprio autor do livro), canadense, formado em jornalismo, que trabalha na seção criminal de um jornal e que, depois de alguns problemas e a 'crise dos 30 anos', parte para Paris com um bilhete só de ida, uma mochila, um pouco de dinheiro e muita coragem!



Apesar do livro não ser um biografia e sendo muito sincera, pra mim o personagem principal é George Whitman, o proprietário da livraria, marxista-comunista e eterno sonhador. Acredita que é possível mudar o mundo, ou pelo menos, a vida de uma pessoa. As portas da livraria estão sempre abertas para quem quiser chegar, passar um tempo para poder escrever uma obra e respirar literatura 24h por dia! Tem  uma passagem no livro que descreve muito bem esse cara fantástico, no qual eu me tornei fã e que gostaria de ter o prazer de conhecer (infelizmente, ele faleceu em 14 dezembro de 2011, aos 98 anos)  :
" (...) Talvez eu desapareça sem deixar para trás bem terrenos - apenas algumas meias velhas e cartas de amor, e minhas janelas para a Notre-Dame para que todos desfrutem, e minha pequena lojinha adorada de cacarecos cujo lema é "Não seja um mal anfitrião para os estranhos, pois eles podem ser anjos disfarçados." Talvez eu desapareça sem deixar endereço, mas talvez eu ainda esteja com vocês em minha jornada vagabunda pelo mundo."

Essa é uma foto de George e sua filha, Sylvia, que hoje é a responsável pela livraria.


Um diálogo muito interessante ocorre quando Jeremy questiona George: se o comunismo é tão bom, por que há tantas histórias ruins sobre seus regimes? A resposta dele é sensacional e vale a pena ler!

Mas, voltando ao livro...

 Durante 4 meses, Jeremy permanece morando na livraria, onde fez grandes amizades, passou por uns 'perrengues', teve grandes amores, muitas decepções, aventuras para ser contadas num livro e muitos livros lidos...
Não é uma grande livro, daqueles que declaramos ser o melhor já lido! Em certos momentos chega a ser cansativo, desanima um pouco e acaba se tendo uma leitura arrastada, mas quando termina a última frase, vem a sensação de querer um pouquinho mais... Vale a pena ler!
Ah, e claro, quem sabe um dia realizo um dos meus sonhos e abro uma filial da "Shakespeare and Company" no Brasil? É uma coisa a se pensar!!!

Mais uma foto da livraria...

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Sou louca por você

BOSCO, Federica. Sou louca por você. Rio de Janeiro; Bertrand Brasil, 2010. 179 páginas.


Quem já passou ou está prestes a passar pela tão temida 'crise dos 30 anos', talvez entenda melhor a protagonista do livro e suas histórias...Confesso, estou quase lá!
A personagem principal se chama Monica, italiana e que vai para Nova Iorque realizar seu grande sonho: se tornar uma grande escritora e entregar um bilhete de agradecimento para o seu autor favorito, J.D. Salinger ( O Apanhador no Campo de Centeio). No auge dos seus 31 anos,  se 'descobre' trabalhado em uma loja de tecido, convivendo com as donas, duas irmãs com mais de 80 anos, sem perspectiva e muito menos, sem um relacionamento sério! Ou seja, depois de muitos encontros as escuras e decepções, assume a sua 'solteirice' (acredita estar encalhada mesmo!!!) Divide o apartamento com mais duas pessoas: Mark - homossexual que sonha em adotar um filho , e Marta, uma cantora negra e entendida de astrologia. A cada dia, tenta lidar com as exigências de TER um namorado, TER uma família, TER um grande emprego e TER uma vida normal e SER equilibrada... Uma frase resume bem a protagonista: "No fundo, faz 31 anos que vivo comigo, e não é pouco... é uma relação séria."
Esse livro me lembra muito o filme de Bridget Jones (à moda italiana) e me arrancou algumas risadas! Ainda não entendi o título do livro, pois não condiz com a histórias, mas...
Não é um grande livro, mas é leve e engraçado...


"Quer fazer o favor de parar de brincar? Você já tem mais de 30 anos, e o mundo, sinto te decepcionar, não gira a seu redor... Não gira ao redor de ninguém. Estamos todos aqui tentando nos virar na vida e conviver com nossas frustrações e as nossas dores, e não é fácil para ninguém! Mas saiba que assim as pessoas não vão querer ficar perto de você, porque depois de te consolarem um pouco, vão se cansar, vão entender que, no fundo, você está pouco se fodendo para todo o mundo, menos para o seu pequeno mundo encantado, e tudo o que você quer fazer na vida é se lamentar de como é azarada porque não gosta do trabalho que faz e não tem namorado."p.159