sexta-feira, 8 de junho de 2012

Pulmão de Aço - uma vida no maior hospital do Brasil

ZAGUI, Eliana. Pulmão de Aço: uma vida no maior hospital do Brasil. São Paulo: Editora Belaletra, 2012. 239 páginas.

Como com músicas, filmes, poesias... há também sempre um livro que marca a vida da pessoa! Mas essa 'marcação' vai além de histórias de amor com felizes para sempre ou com personagens a la Harry Potter que conquistam milhões de pessoas no mundo todo. Há aquele livro que conta a história de uma pessoa de carne,osso e sentimento e que deixa de ser uma simples criação ou obra da ficção... e esse é um bom exemplo disso tudo! Uma história a ser levada pro resto da vida...




Eliana Zagui é a autora dessa obra prima. Autora de sua própria vida. Escreveu a sua história com suas próprias mãos... Ops... não necessariamente com as próprias mãos!

São mais de 38 anos vivendo no Instituo de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas  - São Paulo! E essa é a história de Eliana Zagui....

Febre e dor de garganta constantes foi o argumento usado pelos profissionais de saúde a não vacinarem a menina Eliana. Antigamente, principalmente em cidades pequenas e com pouquíssimos recursos, médicos e atendentes consideravam arriscado imunizar crianças durante o processo inflamatório. O excesso de cautela cobrou um preço altíssimo... e quem pagou foi a própria Eliana.
Um dia, seus pais se surpreenderam ao encontrá-la prostrada. Como era uma criança irrequieta, os pais a levaram para o posto de atendimento, sendo encaminhada à hospitais e clinicas na região - Jaboticabal e Ribeirão Preto - em busca de uma diagnóstico. Enquanto isso, silenciosamente, um vírus agia em seu organismo. 
Porém, apenas na segunda noite de via crucis e graças a ação generosa de dois moradores de Jaboticabal, a menina foi levada para o Hospital das Clínicas com o diagnóstico: poliomielite! A doença havia progredido e a paralisia já havia tomado quase todo o corpo. Além disso, houve um comprometimento do diafragma, fazendo com que, para sobreviver, Eliana tivesse que passar por sessões no pulmão de aço, uma máquina em forma de cilindro para combater a incapacidade respiratório.

Para mais informações sobre a poliomielite: 

Eliana - aos 3 anos

E é assim que começa a ser escrito uma vida toda vivida dentro de um hospital. Eliana deu entrada no HC no dia 9 de janeiro de 19776 e lá vive até hoje! 

Quase 40 anos depois, Eliana ainda vive na UTI do IOT-HC, juntamente com Paulo (que está a mais tempo que ela!) Foi no hospital que conseguiu estudar, aprendeu a ler e a escrever - sempre utilizando objetos preso a boca, concluiu o ensino médio e estudou idiomas. Quer fazer faculdade de psicologia. Atualmente, é artista plástica e é do leito do maior hospital da América Latina que Eliana narra sua trajetória, escreve sua vida, em quase quatro décadas vivendo no HC.

Não seria justo se eu contasse as passagens do livro... também, não conseguiria descrever essa luta tão bem quanto a própria autora. Pode parecer 'senso comum', mas reclamos de barriga cheia. Com o passar das linhas, que por muitas vezes me emocionou, percebemos fragilidade da vida e sua preciosidade! Nem com todos os motivos do mundo para desistir, Eliana, uma guerreira, continuou lutando e, apesar de toda a dificuldade, mantém um lindo sorriso.

É uma linda história de amor pela vida, de persistência, de muita luta e batalhas a serem vencidas e uma lição de vida para qualquer pessoa...

Este, é o blog dela: http://www.apbp.com.br/elianazagui/


"Durante os últimos 36 anos, o hospital tem sido o meu lar, e seus habitantes e trabalhadores, minha família."p.221

" A revolta parou quando percebi que não adiantava nada. Teria de me tornar minimamente independente. Precisava fazer um esforço. É bem isso que sou hoje: minimamente independente. Sei escrever, teclar, pintar, atender telefone, virar as páginas de um livro, mas dependo demais dos outros. Além de cuidarem da minha higiene e alimentação, tenho de esperar que coloquem os objetos ao meu alcance. Então, realizar essas tarefas com a boca é o que me ajuda e me sentir viva e me dá um gosto de dignidade. De outro modo, seria um vegetal." p 174

Um comentário:

  1. Parabéns pela força e determinação!! Pessoas como vc são um exemplo, especialmente para aqueles que muito podem e nada fazem...

    ResponderExcluir