domingo, 10 de junho de 2012

Um mundo brilhante

GREENWOOD, T. Um mundo brilhante. Ribeirão Preto: Editora Nova Conceito, 2012. 336 páginas


"O que fazer quando o mundo que você vive não é o lugar a que você pertence?" Essa é a principal pergunta do livro. Confesso, que ainda não descobri a resposta!!!


Sabe quando chega aquele momento em que você fecha o livro, depois de terminá-lo e vem aquela sensação boa e a grande pergunta: E? 


Não sei dizer se gostei ou não do livro, inclusive, pela primeira vez desde que comecei a escrever nesse humilde blog, eu não sei o que escrever...


Bom, o personagem principal se chama Ben Bailey. Doutor em História, que durante o dia leciona na Universidade local e a noite, trabalha em um bar. Não se sente realizado com sua profissão e se questiona sobre seu relacionamento com Sara, com quem está noivo, mas vive fugindo de marcar a data de seu casamento. Porém, sua vida está sob controle, até...


Até que, em uma manhã de domingo, pós-Halloween, Ben encontra Ricky, desacordado sob a neve em frente a sua casa. E, é a partir daí que a vida de Ben muda. Ele conhece a irmã de Ricky, Shadi e fica encantando por ela. Ao mesmo tempo, ele começa a investigar a morte de Ricky, pois acredita que ele foi vítima de um crime racial (afinal, eles eram 'índios') . E assim, se dá inicio a uma investigação sobre quem cometera o crime, surgem os questionamentos e as dúvidas sobre sua verdadeira paixão e o passado volta para atormentá-lo. 


Ah, e claro, sempre há aquele 1segundo, uma única decisão, que pode mudar a vida de uma pessoa ... de várias pessoas, para sempre!


Não sei como classificar esse livro, se é um livro policial ou um romance!Esperava mais dele... Mas, é uma leitura fácil e tranquila, que conclui em 3 noites!


A melhor passagem do livro:


"Segredos. Como pequenos sapos escondidos em seu bolso. Não se pode esquecer deles porque estão sempre se mexendo ali dentro, contorcendo-se, tentando escapar. Você sabe que, a qualquer momento ali dentro, um deles pode conseguir subir e pular para fora do seu bolso, revelando-se para o indo com um coaxado estridente. E quanto mais você esforça para tentar contê-lo, para tentar escondê-lo, mais se esforçam para escapar." p.285

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Pulmão de Aço - uma vida no maior hospital do Brasil

ZAGUI, Eliana. Pulmão de Aço: uma vida no maior hospital do Brasil. São Paulo: Editora Belaletra, 2012. 239 páginas.

Como com músicas, filmes, poesias... há também sempre um livro que marca a vida da pessoa! Mas essa 'marcação' vai além de histórias de amor com felizes para sempre ou com personagens a la Harry Potter que conquistam milhões de pessoas no mundo todo. Há aquele livro que conta a história de uma pessoa de carne,osso e sentimento e que deixa de ser uma simples criação ou obra da ficção... e esse é um bom exemplo disso tudo! Uma história a ser levada pro resto da vida...




Eliana Zagui é a autora dessa obra prima. Autora de sua própria vida. Escreveu a sua história com suas próprias mãos... Ops... não necessariamente com as próprias mãos!

São mais de 38 anos vivendo no Instituo de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas  - São Paulo! E essa é a história de Eliana Zagui....

Febre e dor de garganta constantes foi o argumento usado pelos profissionais de saúde a não vacinarem a menina Eliana. Antigamente, principalmente em cidades pequenas e com pouquíssimos recursos, médicos e atendentes consideravam arriscado imunizar crianças durante o processo inflamatório. O excesso de cautela cobrou um preço altíssimo... e quem pagou foi a própria Eliana.
Um dia, seus pais se surpreenderam ao encontrá-la prostrada. Como era uma criança irrequieta, os pais a levaram para o posto de atendimento, sendo encaminhada à hospitais e clinicas na região - Jaboticabal e Ribeirão Preto - em busca de uma diagnóstico. Enquanto isso, silenciosamente, um vírus agia em seu organismo. 
Porém, apenas na segunda noite de via crucis e graças a ação generosa de dois moradores de Jaboticabal, a menina foi levada para o Hospital das Clínicas com o diagnóstico: poliomielite! A doença havia progredido e a paralisia já havia tomado quase todo o corpo. Além disso, houve um comprometimento do diafragma, fazendo com que, para sobreviver, Eliana tivesse que passar por sessões no pulmão de aço, uma máquina em forma de cilindro para combater a incapacidade respiratório.

Para mais informações sobre a poliomielite: 

Eliana - aos 3 anos

E é assim que começa a ser escrito uma vida toda vivida dentro de um hospital. Eliana deu entrada no HC no dia 9 de janeiro de 19776 e lá vive até hoje! 

Quase 40 anos depois, Eliana ainda vive na UTI do IOT-HC, juntamente com Paulo (que está a mais tempo que ela!) Foi no hospital que conseguiu estudar, aprendeu a ler e a escrever - sempre utilizando objetos preso a boca, concluiu o ensino médio e estudou idiomas. Quer fazer faculdade de psicologia. Atualmente, é artista plástica e é do leito do maior hospital da América Latina que Eliana narra sua trajetória, escreve sua vida, em quase quatro décadas vivendo no HC.

Não seria justo se eu contasse as passagens do livro... também, não conseguiria descrever essa luta tão bem quanto a própria autora. Pode parecer 'senso comum', mas reclamos de barriga cheia. Com o passar das linhas, que por muitas vezes me emocionou, percebemos fragilidade da vida e sua preciosidade! Nem com todos os motivos do mundo para desistir, Eliana, uma guerreira, continuou lutando e, apesar de toda a dificuldade, mantém um lindo sorriso.

É uma linda história de amor pela vida, de persistência, de muita luta e batalhas a serem vencidas e uma lição de vida para qualquer pessoa...

Este, é o blog dela: http://www.apbp.com.br/elianazagui/


"Durante os últimos 36 anos, o hospital tem sido o meu lar, e seus habitantes e trabalhadores, minha família."p.221

" A revolta parou quando percebi que não adiantava nada. Teria de me tornar minimamente independente. Precisava fazer um esforço. É bem isso que sou hoje: minimamente independente. Sei escrever, teclar, pintar, atender telefone, virar as páginas de um livro, mas dependo demais dos outros. Além de cuidarem da minha higiene e alimentação, tenho de esperar que coloquem os objetos ao meu alcance. Então, realizar essas tarefas com a boca é o que me ajuda e me sentir viva e me dá um gosto de dignidade. De outro modo, seria um vegetal." p 174

quinta-feira, 7 de junho de 2012

DELÍRIO

OLIVER, Lauren. Delírio. Rio de Janeiro: Instríseca,2012.  336 páginas


"É inútil tentar curar a perda de um grande amor. O que o torna esse amor tão grande é justamente o fato de não ter cura." (autor desconhecido)


Talvez essa seja a melhor frase que encontrei para resumir o livro: o amor e cura! De acordo com o dicionário, há muitas definições para explicar a palavra Amor, que esta sempre ligada à coisas boas, bonitas, sentimentos puros... Porém, para o governo dos Estados Unidos da América (lembrando que é uma ficção!), amor é a pior das doenças, ou mais conhecida como "Amor Delíria Nervosa".

Que atire a primeira pedra quem nunca sofreu por amor e que, o que mais desejou era - como em um passe de mágica - conseguir apagar toda dor causada! Mais ou menos, como o filme Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembrança - Joel (Jim Carrey) e Clementine (Kate Winslet) formavam um casal que durante anos tentaram fazer com que o relacionamento desse certo. Desiludida com o fracasso, Clementine decide esquecer Joel para sempre e, para tanto, aceita se submeter a um tratamento experimental, que retira de sua memória os momentos vividos com ele. Porém, aqui a história não chega a esse ponto, pois o governo passa a realizar um tratamento para livrar a população desse mal.

Há mais de 64 anos, foi identificado que o amor era uma doença, a mais mortal de todas, há 43 anos, a cura para esse mal foi descoberta! E, assim, toda ser humano que completa 18 anos é obrigada a passar por esse tratamento, que faz com que a pessoa se esqueça de momentos 'felizes' que passou antes de ser curado e, principalmente, que não corra o risco de sentir o pior dos sentimentos: o amor. Tão temido, tão destruidor... Desde pequena, a pessoa é educada e formada para passar pelo processo de cura, sendo educada tendo como base a cartilha Shhh - Suma de Hábitos, Higiene e Harmonia.

Os sintomas dessa doença varia entre estresse, problemas cardíacos, ansiedade, depressão, hipertensão, insônia e transtorno bipolar. "É o mais mortal entre todos os males: você pode morrer de amor ou da falta dele" (p.09)  E assim, o livro se desenvolve, contando, principalmente, a história de Lena, que está se preparando para a grande mudança em sua vida, para o tratamento que é tão esperado e que, finalmente, vai livrá-la desse mal. Lena, ao lado de sua grande amiga Hana, contam os dias para a grande libertação, principalmente Lena, que tem seu passado marcado pela doença - sua mãe acometida pela doença Amor Delíria Nervosa, e mesmo depois de ter passado por três intervenções, ela comete o suicídio. E mostra que o passado sempre volta...

"Contarei um segredo, esse para o seu próprio bem. Você pode pensar que o passado tem algo a dizer. Pode pensar que deveria ouvi-lo que deveria se esforçar para entender seus murmúrios, que deveria se inclinar ao máximo para escutar sua voz sussurrada se erguendo do chão, dos lugares mortos. Pode pensar que há algo ali para você, algo para ser entendido ou decifrado.
Mas eu sei a verdade: sei pelas noites de Frieza. Sei que o passado vai arrastá-lo para trás e para baixo, fazendo com que você tente se agarrar aos sussurros do vento e aos ruídos das folhas batendo umas nas outras, tente decifrar algum código, tente consertar o que foi quebrado. Não tem jeito. O passado não passa de um fardo. Ele pesará dentro de você como uma pedra. 
Vá por mim: se ouvir o passado falando com você, se senti-lo puxando suas costas e deslizando os dedos por sua coluna, a melhor reação - a única reação - é correr." (p.143)

Porém, surge Alex e com ele, todo o passado a ser esquecido de Lena...

E, não posso evitar de fazer uma comparação (afinal, a socióloga tá aqui também): com o argumento de manter a ordem e manter a população salva e segura, o governo toma posturas autoritárias, com vigilância constante - o que me remete à Michael Foucault, em Vigiar e Punir, onde o modelo do panóptico surge como uma forma de controle e punição. E, isso fica bem claro num dos pontos do Shhh - "Humanos, não regulamentados, são cruéis e caprichosos; violentos e egoístas, desgraçados e briguentos. Apenas quando sues instintos e emoções básicas são controladas é que ele podem ser felizes,generosos e bons" (p.277) Imagina sermos controlados, também, em nossos sentimentos?

Encontrei o Trailer do livro: (em inglês)


E o Book Trailer: (em português)


O livro me surpreendeu! Com uma escrita que flui e que te deixa grudada nas páginas, querendo saber quais serão as próximas linhas, a autora - em seu segundo livro publicado aqui no país: o 1o é "Antes que eu vá" - ganhou uma leitora e que está ansiosa pra ver seu segundo livro, a continuação de Delírio, Pandemônio.  E será uma trilogia!!! Esse foi mais um livro que comprei por causa da capa - estava na fila da livraria, com outro livro na mão e, quando olho pra prateleira, ele está lá, em sua capa, brilhando, reluzindo... gritando Delírio! E não me arrependo - li em três noite!!! Vai além do amor simples e juvenil, vai além de uma rebeldia de adolescente... é a luta pelo direito de decidir, de amar e sofrer por ele!

E encerro com duas passagens que valem a pena serem destacadas:

"Aquele que tenta alcançar alcançar o sol pode cair. Mas também pode voar." antigo ditado (p.326)

"Mas tenho um segredo. Você pode construir paredes até o céu, mas eu encontrarei uma maneira de voar por cima delas. Pode tentar me prender com cem mil braços, mas eu encontrarei um jeito de resistir. E há muitos de nós por aí, mais do que você imagina. Pessoas que se recusam a deixar de acreditar. Pessoas que se recusam a pôr os pés no chão. Pessoas que amam em um mundo sem muros, pessoas que amam em meio ao ódio á recusa, com esperança e sem medo. Eu amo você. Lembre-se. Eles não podem tirar isso de nós." 

*escrito ao som de Sarah McLachaln - Angel: http://www.youtube.com/watch?v=i1GmxMTwUgs