quinta-feira, 7 de junho de 2012

DELÍRIO

OLIVER, Lauren. Delírio. Rio de Janeiro: Instríseca,2012.  336 páginas


"É inútil tentar curar a perda de um grande amor. O que o torna esse amor tão grande é justamente o fato de não ter cura." (autor desconhecido)


Talvez essa seja a melhor frase que encontrei para resumir o livro: o amor e cura! De acordo com o dicionário, há muitas definições para explicar a palavra Amor, que esta sempre ligada à coisas boas, bonitas, sentimentos puros... Porém, para o governo dos Estados Unidos da América (lembrando que é uma ficção!), amor é a pior das doenças, ou mais conhecida como "Amor Delíria Nervosa".

Que atire a primeira pedra quem nunca sofreu por amor e que, o que mais desejou era - como em um passe de mágica - conseguir apagar toda dor causada! Mais ou menos, como o filme Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembrança - Joel (Jim Carrey) e Clementine (Kate Winslet) formavam um casal que durante anos tentaram fazer com que o relacionamento desse certo. Desiludida com o fracasso, Clementine decide esquecer Joel para sempre e, para tanto, aceita se submeter a um tratamento experimental, que retira de sua memória os momentos vividos com ele. Porém, aqui a história não chega a esse ponto, pois o governo passa a realizar um tratamento para livrar a população desse mal.

Há mais de 64 anos, foi identificado que o amor era uma doença, a mais mortal de todas, há 43 anos, a cura para esse mal foi descoberta! E, assim, toda ser humano que completa 18 anos é obrigada a passar por esse tratamento, que faz com que a pessoa se esqueça de momentos 'felizes' que passou antes de ser curado e, principalmente, que não corra o risco de sentir o pior dos sentimentos: o amor. Tão temido, tão destruidor... Desde pequena, a pessoa é educada e formada para passar pelo processo de cura, sendo educada tendo como base a cartilha Shhh - Suma de Hábitos, Higiene e Harmonia.

Os sintomas dessa doença varia entre estresse, problemas cardíacos, ansiedade, depressão, hipertensão, insônia e transtorno bipolar. "É o mais mortal entre todos os males: você pode morrer de amor ou da falta dele" (p.09)  E assim, o livro se desenvolve, contando, principalmente, a história de Lena, que está se preparando para a grande mudança em sua vida, para o tratamento que é tão esperado e que, finalmente, vai livrá-la desse mal. Lena, ao lado de sua grande amiga Hana, contam os dias para a grande libertação, principalmente Lena, que tem seu passado marcado pela doença - sua mãe acometida pela doença Amor Delíria Nervosa, e mesmo depois de ter passado por três intervenções, ela comete o suicídio. E mostra que o passado sempre volta...

"Contarei um segredo, esse para o seu próprio bem. Você pode pensar que o passado tem algo a dizer. Pode pensar que deveria ouvi-lo que deveria se esforçar para entender seus murmúrios, que deveria se inclinar ao máximo para escutar sua voz sussurrada se erguendo do chão, dos lugares mortos. Pode pensar que há algo ali para você, algo para ser entendido ou decifrado.
Mas eu sei a verdade: sei pelas noites de Frieza. Sei que o passado vai arrastá-lo para trás e para baixo, fazendo com que você tente se agarrar aos sussurros do vento e aos ruídos das folhas batendo umas nas outras, tente decifrar algum código, tente consertar o que foi quebrado. Não tem jeito. O passado não passa de um fardo. Ele pesará dentro de você como uma pedra. 
Vá por mim: se ouvir o passado falando com você, se senti-lo puxando suas costas e deslizando os dedos por sua coluna, a melhor reação - a única reação - é correr." (p.143)

Porém, surge Alex e com ele, todo o passado a ser esquecido de Lena...

E, não posso evitar de fazer uma comparação (afinal, a socióloga tá aqui também): com o argumento de manter a ordem e manter a população salva e segura, o governo toma posturas autoritárias, com vigilância constante - o que me remete à Michael Foucault, em Vigiar e Punir, onde o modelo do panóptico surge como uma forma de controle e punição. E, isso fica bem claro num dos pontos do Shhh - "Humanos, não regulamentados, são cruéis e caprichosos; violentos e egoístas, desgraçados e briguentos. Apenas quando sues instintos e emoções básicas são controladas é que ele podem ser felizes,generosos e bons" (p.277) Imagina sermos controlados, também, em nossos sentimentos?

Encontrei o Trailer do livro: (em inglês)


E o Book Trailer: (em português)


O livro me surpreendeu! Com uma escrita que flui e que te deixa grudada nas páginas, querendo saber quais serão as próximas linhas, a autora - em seu segundo livro publicado aqui no país: o 1o é "Antes que eu vá" - ganhou uma leitora e que está ansiosa pra ver seu segundo livro, a continuação de Delírio, Pandemônio.  E será uma trilogia!!! Esse foi mais um livro que comprei por causa da capa - estava na fila da livraria, com outro livro na mão e, quando olho pra prateleira, ele está lá, em sua capa, brilhando, reluzindo... gritando Delírio! E não me arrependo - li em três noite!!! Vai além do amor simples e juvenil, vai além de uma rebeldia de adolescente... é a luta pelo direito de decidir, de amar e sofrer por ele!

E encerro com duas passagens que valem a pena serem destacadas:

"Aquele que tenta alcançar alcançar o sol pode cair. Mas também pode voar." antigo ditado (p.326)

"Mas tenho um segredo. Você pode construir paredes até o céu, mas eu encontrarei uma maneira de voar por cima delas. Pode tentar me prender com cem mil braços, mas eu encontrarei um jeito de resistir. E há muitos de nós por aí, mais do que você imagina. Pessoas que se recusam a deixar de acreditar. Pessoas que se recusam a pôr os pés no chão. Pessoas que amam em um mundo sem muros, pessoas que amam em meio ao ódio á recusa, com esperança e sem medo. Eu amo você. Lembre-se. Eles não podem tirar isso de nós." 

*escrito ao som de Sarah McLachaln - Angel: http://www.youtube.com/watch?v=i1GmxMTwUgs

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