sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Passei no mestrado em Ciência Política da USP

Eu voltei, agora pra ficar... pois aqui, aqui é meu lugar! Eu voltei, pras coisas que deixei, eu voltei... 


Anteriormente, deixei um 'aviso' que precisaria parar com as leituras - pelo menos por um tempo, para poder estudar, estudar e estudar. O sacrifício valeu a pena:

PASSEI NO MESTRADO EM CIÊNCIA POLÍTICA NA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO- USP


Não sou expert em deixar uma imagem apresentável, mas, vale a intenção!rs

E, apesar desse post não estar diretamente ligado à um comentário de um livro, vale destacar os livros que foram lidos para conquistar uma vaga no Departamento de Ciência Política da USP:


1.CARVALHO José Murilo (2001).Cidadania no Brasil. São Paulo: Civilização Brasileira.
Introdução, Caps 2 a 4 (pgs 7-13; 86-229)
2. FIGUEIREDO, Argelina. M. C. (1993) Democracia Ou Reformas ? Alternativas
Democráticas À Crise Política. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 209 p.
3. FIGUEIREDO, Argelina e LIMONGI, Fernando (1999). Executivo e Legislativo na nova
Ordem Constitucional. Rio de Janeiro: Ed.FGV. Caps 1 (19-39); 2 (41-72) e 4
(101-123)
4. KINZO, Maria D´Alva. (2004). “Partidos, eleições e democracia no Brasil Pós-1985.”
In Revista Brasileira de Ciências Sociais, n. 54, vol. 19.
5. KINZO, Maria D'Alva (1988). Oposição e Autoritarismo: gênese e trajetória do PMDB,
1966-1979. São Paulo, IDESP. Caps 1(15-36); 3(65-84); conclusão (217-227)
6. LAMOUNIER, Bolívar. (1992) “Estrutura institucional e governabilidade na década de
90”. In Reis Velloso, João Paulo dos (org.). O Brasil e as reformas políticas.
Rio de Janeiro: José Olympio.
7. LEAL, Vitor Nunes (1975). Coronelismo, Enxada e Voto. São Paulo: Alfa-Omega.
Capitulo 1 (19-57), Capitulo 6 (219-249) e Capítulo 7 (251-258)
8. MENEGUELLO, Rachel.(2010) "Aspectos do Desempenho Democrático: Estudo
sobre a Adesão à Democracia e Avaliação do Regime", in Moisés, J. A. (org)
Democracia e Confiança - Por que os Cidadãos Desconfiam das Instituições
Públicas?São Paulo: Edusp.
9. NICOLAU, Jairo .História do Voto no Brasil. (2002) Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora.
10. NICOLAU, Jairo. (2004). “Partidos na República de 1946: Velhas teses, Novos
Dados” in DADOS, Vol 47, No. 1. Págs. 85-128.
11. SOARES, Gláucio A. (1973) Sociedade e Política no Brasil.São Paulo, Difel. Caps IV (69-
93) e IX (214-231)
12. SOUZA, Maria do Carmo Campello (1976). Estado e Partidos Políticos no Brasil (1930 a
1964). São Paulo: Alfa-Ômega. Capítulos 4, 5 e 6.
13. STEPAN, Alfred (org.) (1988) Democratizando o Brasil. Rio de Janeiro, Paz e Terra.
Partes I e IV. Pgs 27-134; pgs 441-627.

14. BULL, Hedley (2002). A Sociedade Anárquica. Coleção Clássicos IPRI, Brasília: Editora
UnB. Capítulos: I, II, III, IV e V.
15. DEUTSCH, Karl (1982). Análise das Relações Internacionais. Brasília: Editora UnB.
Parte I, capítulos I, II e III e IV.
16. FONSECA, Gelson (1998). A legitimidade e outras questões internacionais: poder e
ética entre as nações. São Paulo: Paz e Terra. Partes I (Teoria) e II (Legitimidade).
17. LAFER, Celso (2001). A identidade internacional do Brasil e a política externa
brasileira: passado, presente e futuro. São Paulo: Editora Perspectiva. Capítulos I, II e III.
18. KANT, Immanuel (1989). A paz perpétua. Porto Alegre: L&PM. Seções I, II e III.
19. MORGENTHAU, Hans (2003). A Política Entre as Nações. Coleção Clássicos IPRI.
Brasília: Editora UnB. Capítulos: I, III, XI, XII, XIII e XIV.
20. NYE, Joseph S. (2009). Cooperação e Conflito nas Relações Internacionais. São Paulo:
Editora Gente. Capítulos: 1, 3, 7 e 9.
21. PINHEIRO, Leticia (2004). Política Externa Brasileira. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora.
22. ROSENAU, James & CZEMPIEL, Ernst-Otto (orgs.) (2000). Governança sem governo:
ordem e transformação na política mundial. Brasília: Editora UnB. Capítulos: 1, 3, 5 e 9.
23. VELASCO CRUZ, Sebastião (2004). Globalização, democracia e ordem internacional:
ensaios de teoria e história. Campinas: Editora UNICAMP. Capítulo 8.
24. WALTZ, Kenneth (2002). Teoria das Relações Internacionais. Lisboa: Gradiva. Capítulos: 4, 5 e 6.
25. WALTZ, Kenneth (2004). O homem, o estado e a guerra: uma análise teórica. São Paulo: Martins Fontes. Capítulos: II, IV e VI.



Sim, foram 25 livros em dois meses! Então, eu não parei de ler... Fora, a produção do projeto! Mas, valeu a pena. E, com licença poética: "Tudo vale a pena quando' alma não é pequena!"
Agora, aproveitar as férias e colocar a paixão em dia, pois depois, em março, o "bicho vai pegar"!!! 

domingo, 10 de junho de 2012

Um mundo brilhante

GREENWOOD, T. Um mundo brilhante. Ribeirão Preto: Editora Nova Conceito, 2012. 336 páginas


"O que fazer quando o mundo que você vive não é o lugar a que você pertence?" Essa é a principal pergunta do livro. Confesso, que ainda não descobri a resposta!!!


Sabe quando chega aquele momento em que você fecha o livro, depois de terminá-lo e vem aquela sensação boa e a grande pergunta: E? 


Não sei dizer se gostei ou não do livro, inclusive, pela primeira vez desde que comecei a escrever nesse humilde blog, eu não sei o que escrever...


Bom, o personagem principal se chama Ben Bailey. Doutor em História, que durante o dia leciona na Universidade local e a noite, trabalha em um bar. Não se sente realizado com sua profissão e se questiona sobre seu relacionamento com Sara, com quem está noivo, mas vive fugindo de marcar a data de seu casamento. Porém, sua vida está sob controle, até...


Até que, em uma manhã de domingo, pós-Halloween, Ben encontra Ricky, desacordado sob a neve em frente a sua casa. E, é a partir daí que a vida de Ben muda. Ele conhece a irmã de Ricky, Shadi e fica encantando por ela. Ao mesmo tempo, ele começa a investigar a morte de Ricky, pois acredita que ele foi vítima de um crime racial (afinal, eles eram 'índios') . E assim, se dá inicio a uma investigação sobre quem cometera o crime, surgem os questionamentos e as dúvidas sobre sua verdadeira paixão e o passado volta para atormentá-lo. 


Ah, e claro, sempre há aquele 1segundo, uma única decisão, que pode mudar a vida de uma pessoa ... de várias pessoas, para sempre!


Não sei como classificar esse livro, se é um livro policial ou um romance!Esperava mais dele... Mas, é uma leitura fácil e tranquila, que conclui em 3 noites!


A melhor passagem do livro:


"Segredos. Como pequenos sapos escondidos em seu bolso. Não se pode esquecer deles porque estão sempre se mexendo ali dentro, contorcendo-se, tentando escapar. Você sabe que, a qualquer momento ali dentro, um deles pode conseguir subir e pular para fora do seu bolso, revelando-se para o indo com um coaxado estridente. E quanto mais você esforça para tentar contê-lo, para tentar escondê-lo, mais se esforçam para escapar." p.285

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Pulmão de Aço - uma vida no maior hospital do Brasil

ZAGUI, Eliana. Pulmão de Aço: uma vida no maior hospital do Brasil. São Paulo: Editora Belaletra, 2012. 239 páginas.

Como com músicas, filmes, poesias... há também sempre um livro que marca a vida da pessoa! Mas essa 'marcação' vai além de histórias de amor com felizes para sempre ou com personagens a la Harry Potter que conquistam milhões de pessoas no mundo todo. Há aquele livro que conta a história de uma pessoa de carne,osso e sentimento e que deixa de ser uma simples criação ou obra da ficção... e esse é um bom exemplo disso tudo! Uma história a ser levada pro resto da vida...




Eliana Zagui é a autora dessa obra prima. Autora de sua própria vida. Escreveu a sua história com suas próprias mãos... Ops... não necessariamente com as próprias mãos!

São mais de 38 anos vivendo no Instituo de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas  - São Paulo! E essa é a história de Eliana Zagui....

Febre e dor de garganta constantes foi o argumento usado pelos profissionais de saúde a não vacinarem a menina Eliana. Antigamente, principalmente em cidades pequenas e com pouquíssimos recursos, médicos e atendentes consideravam arriscado imunizar crianças durante o processo inflamatório. O excesso de cautela cobrou um preço altíssimo... e quem pagou foi a própria Eliana.
Um dia, seus pais se surpreenderam ao encontrá-la prostrada. Como era uma criança irrequieta, os pais a levaram para o posto de atendimento, sendo encaminhada à hospitais e clinicas na região - Jaboticabal e Ribeirão Preto - em busca de uma diagnóstico. Enquanto isso, silenciosamente, um vírus agia em seu organismo. 
Porém, apenas na segunda noite de via crucis e graças a ação generosa de dois moradores de Jaboticabal, a menina foi levada para o Hospital das Clínicas com o diagnóstico: poliomielite! A doença havia progredido e a paralisia já havia tomado quase todo o corpo. Além disso, houve um comprometimento do diafragma, fazendo com que, para sobreviver, Eliana tivesse que passar por sessões no pulmão de aço, uma máquina em forma de cilindro para combater a incapacidade respiratório.

Para mais informações sobre a poliomielite: 

Eliana - aos 3 anos

E é assim que começa a ser escrito uma vida toda vivida dentro de um hospital. Eliana deu entrada no HC no dia 9 de janeiro de 19776 e lá vive até hoje! 

Quase 40 anos depois, Eliana ainda vive na UTI do IOT-HC, juntamente com Paulo (que está a mais tempo que ela!) Foi no hospital que conseguiu estudar, aprendeu a ler e a escrever - sempre utilizando objetos preso a boca, concluiu o ensino médio e estudou idiomas. Quer fazer faculdade de psicologia. Atualmente, é artista plástica e é do leito do maior hospital da América Latina que Eliana narra sua trajetória, escreve sua vida, em quase quatro décadas vivendo no HC.

Não seria justo se eu contasse as passagens do livro... também, não conseguiria descrever essa luta tão bem quanto a própria autora. Pode parecer 'senso comum', mas reclamos de barriga cheia. Com o passar das linhas, que por muitas vezes me emocionou, percebemos fragilidade da vida e sua preciosidade! Nem com todos os motivos do mundo para desistir, Eliana, uma guerreira, continuou lutando e, apesar de toda a dificuldade, mantém um lindo sorriso.

É uma linda história de amor pela vida, de persistência, de muita luta e batalhas a serem vencidas e uma lição de vida para qualquer pessoa...

Este, é o blog dela: http://www.apbp.com.br/elianazagui/


"Durante os últimos 36 anos, o hospital tem sido o meu lar, e seus habitantes e trabalhadores, minha família."p.221

" A revolta parou quando percebi que não adiantava nada. Teria de me tornar minimamente independente. Precisava fazer um esforço. É bem isso que sou hoje: minimamente independente. Sei escrever, teclar, pintar, atender telefone, virar as páginas de um livro, mas dependo demais dos outros. Além de cuidarem da minha higiene e alimentação, tenho de esperar que coloquem os objetos ao meu alcance. Então, realizar essas tarefas com a boca é o que me ajuda e me sentir viva e me dá um gosto de dignidade. De outro modo, seria um vegetal." p 174

quinta-feira, 7 de junho de 2012

DELÍRIO

OLIVER, Lauren. Delírio. Rio de Janeiro: Instríseca,2012.  336 páginas


"É inútil tentar curar a perda de um grande amor. O que o torna esse amor tão grande é justamente o fato de não ter cura." (autor desconhecido)


Talvez essa seja a melhor frase que encontrei para resumir o livro: o amor e cura! De acordo com o dicionário, há muitas definições para explicar a palavra Amor, que esta sempre ligada à coisas boas, bonitas, sentimentos puros... Porém, para o governo dos Estados Unidos da América (lembrando que é uma ficção!), amor é a pior das doenças, ou mais conhecida como "Amor Delíria Nervosa".

Que atire a primeira pedra quem nunca sofreu por amor e que, o que mais desejou era - como em um passe de mágica - conseguir apagar toda dor causada! Mais ou menos, como o filme Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembrança - Joel (Jim Carrey) e Clementine (Kate Winslet) formavam um casal que durante anos tentaram fazer com que o relacionamento desse certo. Desiludida com o fracasso, Clementine decide esquecer Joel para sempre e, para tanto, aceita se submeter a um tratamento experimental, que retira de sua memória os momentos vividos com ele. Porém, aqui a história não chega a esse ponto, pois o governo passa a realizar um tratamento para livrar a população desse mal.

Há mais de 64 anos, foi identificado que o amor era uma doença, a mais mortal de todas, há 43 anos, a cura para esse mal foi descoberta! E, assim, toda ser humano que completa 18 anos é obrigada a passar por esse tratamento, que faz com que a pessoa se esqueça de momentos 'felizes' que passou antes de ser curado e, principalmente, que não corra o risco de sentir o pior dos sentimentos: o amor. Tão temido, tão destruidor... Desde pequena, a pessoa é educada e formada para passar pelo processo de cura, sendo educada tendo como base a cartilha Shhh - Suma de Hábitos, Higiene e Harmonia.

Os sintomas dessa doença varia entre estresse, problemas cardíacos, ansiedade, depressão, hipertensão, insônia e transtorno bipolar. "É o mais mortal entre todos os males: você pode morrer de amor ou da falta dele" (p.09)  E assim, o livro se desenvolve, contando, principalmente, a história de Lena, que está se preparando para a grande mudança em sua vida, para o tratamento que é tão esperado e que, finalmente, vai livrá-la desse mal. Lena, ao lado de sua grande amiga Hana, contam os dias para a grande libertação, principalmente Lena, que tem seu passado marcado pela doença - sua mãe acometida pela doença Amor Delíria Nervosa, e mesmo depois de ter passado por três intervenções, ela comete o suicídio. E mostra que o passado sempre volta...

"Contarei um segredo, esse para o seu próprio bem. Você pode pensar que o passado tem algo a dizer. Pode pensar que deveria ouvi-lo que deveria se esforçar para entender seus murmúrios, que deveria se inclinar ao máximo para escutar sua voz sussurrada se erguendo do chão, dos lugares mortos. Pode pensar que há algo ali para você, algo para ser entendido ou decifrado.
Mas eu sei a verdade: sei pelas noites de Frieza. Sei que o passado vai arrastá-lo para trás e para baixo, fazendo com que você tente se agarrar aos sussurros do vento e aos ruídos das folhas batendo umas nas outras, tente decifrar algum código, tente consertar o que foi quebrado. Não tem jeito. O passado não passa de um fardo. Ele pesará dentro de você como uma pedra. 
Vá por mim: se ouvir o passado falando com você, se senti-lo puxando suas costas e deslizando os dedos por sua coluna, a melhor reação - a única reação - é correr." (p.143)

Porém, surge Alex e com ele, todo o passado a ser esquecido de Lena...

E, não posso evitar de fazer uma comparação (afinal, a socióloga tá aqui também): com o argumento de manter a ordem e manter a população salva e segura, o governo toma posturas autoritárias, com vigilância constante - o que me remete à Michael Foucault, em Vigiar e Punir, onde o modelo do panóptico surge como uma forma de controle e punição. E, isso fica bem claro num dos pontos do Shhh - "Humanos, não regulamentados, são cruéis e caprichosos; violentos e egoístas, desgraçados e briguentos. Apenas quando sues instintos e emoções básicas são controladas é que ele podem ser felizes,generosos e bons" (p.277) Imagina sermos controlados, também, em nossos sentimentos?

Encontrei o Trailer do livro: (em inglês)


E o Book Trailer: (em português)


O livro me surpreendeu! Com uma escrita que flui e que te deixa grudada nas páginas, querendo saber quais serão as próximas linhas, a autora - em seu segundo livro publicado aqui no país: o 1o é "Antes que eu vá" - ganhou uma leitora e que está ansiosa pra ver seu segundo livro, a continuação de Delírio, Pandemônio.  E será uma trilogia!!! Esse foi mais um livro que comprei por causa da capa - estava na fila da livraria, com outro livro na mão e, quando olho pra prateleira, ele está lá, em sua capa, brilhando, reluzindo... gritando Delírio! E não me arrependo - li em três noite!!! Vai além do amor simples e juvenil, vai além de uma rebeldia de adolescente... é a luta pelo direito de decidir, de amar e sofrer por ele!

E encerro com duas passagens que valem a pena serem destacadas:

"Aquele que tenta alcançar alcançar o sol pode cair. Mas também pode voar." antigo ditado (p.326)

"Mas tenho um segredo. Você pode construir paredes até o céu, mas eu encontrarei uma maneira de voar por cima delas. Pode tentar me prender com cem mil braços, mas eu encontrarei um jeito de resistir. E há muitos de nós por aí, mais do que você imagina. Pessoas que se recusam a deixar de acreditar. Pessoas que se recusam a pôr os pés no chão. Pessoas que amam em um mundo sem muros, pessoas que amam em meio ao ódio á recusa, com esperança e sem medo. Eu amo você. Lembre-se. Eles não podem tirar isso de nós." 

*escrito ao som de Sarah McLachaln - Angel: http://www.youtube.com/watch?v=i1GmxMTwUgs

quarta-feira, 23 de maio de 2012

O céu dos suicidas



LÍSIAS, Ricardo. O céu dos suicidas. Rio de Janeiro: Objetiva/Alfaguara; 2012. 186 páginas. 

É o terceiro livro que leio da coleção Alfaguara, da editora Objetiva, e pode ser que eu esteja enganada, mas ao que tudo indica, os livros são todos excelentes.  Pelo menos, os outros dois que eu li e mais esse...
Não me lembro se já comentei isso em algum outro texto, mas há algumas coisas que me levam a comprar um livro, principalmente, sem conhecer o autor e a história. A capa - se me chama a atenção, pego e levo! E, o título - adoro títulos diferentes e criativos/inteligentes... então, quando se tem os dois, é compra na certa. Já me decepcionei com alguns livros que comprei e li por pura teimosia (ex: ver post Unhas), mas, nesse caso, nem um pouco...

O livro tem um mistura de ficção com realidade, com um personagem irreal e outro real... Bem poderia ser uma passagem na vida real, mas... vou precisar de mais pesquisas pra saber se é tudo verdade ou não!


O personagem principal é o próprio autor, melhor, o nome do personagem principal: Ricardo Lísias. Um colecionador nato e um doutor em Hístória que se encontra perdido, desestruturado, sem rumo, após o suicídio de um grande amigo e embarca numa odisseia em busca de respostas e já não consegue mais se reconhecer em seus próprios pensamentos e atos.

Em "O céu dos suicidas", Ricardo é um especialista em coleções, perito em assimilar a aura dos objetos e que, no fim de sua adolescência, descarta sua coleção de selos e tampinhas, que o dá a impressão de ter renunciado à própria autenticidade. Mas, ao retomar sua coleção de selos, recebe uns envelopes de sue tio-avô, que são correspondências entre as cidades de Santos-Brasil e o Líbano. Sabe-se lá porque, ele insiste que o tio-avô era um terrorista e vai em busca de provas!

Mas, as viagens de Ricardo não se limita ao Líbano. Desde que seu amigo André se suicidou, ele se culpa por não ter feito nada para impedi-lo (principalmente, pelo fato de ter sido a última pessoa a ver André vivo) e num passa a enlouquecer e a ter intermináveis insônias (para que insônia, sabe o pesadelo que é!)por causa de uma única pergunta sem resposta: para onde os suicidas vão depois que morrem? A cada pergunta, a mesma resposta: não há céu para quem comete o suicídio! E isso vai corroendo a sua sanidade, pois ele se nega a simplesmente aceitar que, por melhor que seja a pessoa, mesmo que esta comete o suicídio, ela merece o seu céu.

O livro é muito bom! Não conhecia as obras do autor, mas, ao pesquisar a respeito dele, há outras obras tidas como tão boas quanto essa. É um texto tranquilo e gostoso de se ler! Por muitas vezes, imaginamos o sofrimento que o personagem passa para conseguir uma única resposta e a sua revoltar em não tê-la! Há um exagero (que provavelmente é proposital) que dá maior realidade a cada linha. Essa passagem traduz muito bem o drama,  o desequilíbrio emocional, a culpa que o personagem passa...

"De novo, começo a chorar. Não consigo resistir. Estou chorando porque o André se enforcou uma semana depois de ir embora da minha casa. Choro porque falei que na minha frente ele não iria se cortar. Na minha casa,não. Estou chorando nesse hospício chique porque só fico nervoso. Nesse hospício chique. Fico nervoso e ao mesmo tempo me sinto um fraco. E choro porque não entendi nada. Comecei a chorar no meio de todos eles porque coloquei um apelido no André. A gente ria muito. Choro porque a gente ria muito, porque o coloquei para fora de casa e uma semana depois me ligaram para dizer que ele tinha se enforcado. O meu amigo estava muito sozinho. O meu amigo se enforcou. Não paro de chorar porque o André tinha se enforcado, porque só fico nervoso e porque todo mundo diz que quem se mata não vai pro céu. Não consigo parar de chorar agora." pp.55-56

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Mortos entre Vivos

LINDQVIST, John Ajvide. Mortos entre vivos. São Paulo, Tordesilhas; 2012. 352 páginas

E mais uma vez, cá estou, escrevendo sobre zumbis... E, nesse caso, o livro trata além de uma simples narrativa de mortos que 'acordam' e vivem como mortos-vivos, ou, zumbis! Só que, pelo primeira vez, leio um livro que trata os seres de uma forma diferente, buscando entender e mostrar que eles podem 'sentir' alguma coisa - não como nós humanos sentimos, mas, sentir! E, o melhor exemplo disso, principalmente para lembrar que os zumbis eram pessoas 'normais' antes da transformação, é o vídeo, postada a baixo, intitulado Zombie in a Penguim Suit - de Chris Russel, disponível no youtube: (Assistam - até o fim, vale a pena!) 






Agora, vamos ao livro...

O autor de Mortos entre Vivos, o sueco John Ajvide Lindqvist, teve como obra de estréia  Låt den rätte komma in - que aqui no Brasil foi traduzido como Deixa ela entrar - 2004, e tem sido aclamado como o novo mestre do terror. Esse é o seu segundo romance (2005), que a primeira vista tem uma narrativa simples, o surgimento de zumbis nas ruas de Estocolmo. Porém, o grande detalhe: a abordagem da complexidade psicológica e social do assunto!

Apesar de ser considerado como terror, e de ter cenas que realmente parecem que está passando um filme de terror, daqueles que fechamos os olhos de tanto medo, o livro é muito triste... é doído! É triste mesmo. O drama que os personagens passam que é aterrorizante! Aflitivo!

"A morte é apenas a agulha que abre o olho para que você finalmente possa ver a luz em que vivíamos." Eva-Stina Byggmästar.

De repente, os aparelhos eletrônicos param de funcionar, uma onda de calor e cefaleia (vulgo dor de cabeça!) acomete a todos... são prenúncios de um fato que vai mudar a vida das pessoas! Numa determinada noite, os mortos recentes voltam a vida sem nenhuma explicação (aparente!), levando à população ao terror, ao desespero e, principalmente, ao saudosismo. E o Governo sem saber o que fazer... 
A história se desenvolve a partir de três família e 5 personagens principais: a garota Flora e sua avó Elvy, o jornalista Mahler e sua filha Anna e o humorista David. Cada um com seu sofrimento e reação... David perde a esposa, Mahler tenta 'resgatar' o neto morto, Elvy que acredita ser um sinal de Deus e de sua ira contra os Homens e Flora que, teoricamente, dá a entender ser a personagem mais importante e que desvenda o mistério, mas que se perde ao longo do livro!

E assim, tudo se desenvolve... E, está enganado quem pensa que nesse caso os mortos voltam para se alimentarem dos vivos, ou buscarem o ente querido e que eles sejam os principais personagens. Os 'redivivos'  são entes queridos falecidos, que  com seu retorno, despertará nos vivos sentimentos que foram interrompidos, em busca de uma segunda chance para corrigir os erros, perdoar ou ser perdoa, prorrogar a despedida ou até mesmo conseguir dizer adeus.

Na verdade, há mais um conflito psicológico entre a morte e a vida do que a mera descrição de quem morreu e voltou  ... o autor retrata os mortos-vivos em seu final, a grande explicação! Que, de acordo com um amigo que também leu o livro, uma explicação 'kardecista'! 

Em vários momentos, o livro se torna cansativo, chato, com coisas que considero desnecessárias e falha em abordar passagens mais interessantes. A parte mais chocante do livro é a tentativa desesperada do jornalista Mahler em trazer de volta seu neto Elias, que havia falecido um mês antes. E, na minha opinião, é o melhor personagem do livro! 








terça-feira, 15 de maio de 2012

Trilogia da Escuridão - Noturno, A Queda e Noite Eterna


DEL TORO, Guillermo & HOGAN, Chuck. Noturno. Rio de Janeiro, Rocco; 2009. 463 páginas.
_________________________________ . A Queda. Rio de Janeiro, Rocco; 2010. 349 páginas.
__________________________________. Noite Eterna. Rio de Janeiro, Rocco; 2012. 414 páginas.


Foram exatamente 484 dias, ou 1ano e 4 meses, de espera para ler o terceiro e último livro da Trilogia da Escuridão, de autoria de Guillermo Del Toro (sim, irmão do ator Benício Del Toro!) e de Chuck Hogan. E, valeu cada minuto de espera... o livro é de tirar o fôlego!!! 
Del Toro já é conhecido por ter dirigido filmes como Blade II e Hellboy I e II e, o melhor dele, O Labirinto de Fauno.. portanto, só com o seu curriculum, já pode-se ter uma ideia do que podemos esperar de seus livros!

A "Trilogia da Escuridão"  tem como Livro I -  Noturno (2009)... 

"Eles estiveram por aqui. Em silêncio e na escuridão. Esta noite a hora deles chegou. Vampiros... em uma semana, Manhattan será destruída. Em um mês, os Estados Unidos. Em dois meses - o mundo."

Os livros falam de vampiros. Mas, esqueça a imagem romantizada dos vampiros ( a la Crepúsculo) ou que são meros 'sugadores' de sangue ( a la Bran Stoker)! Aqui, eles são uma mistura de vampiros com zumbis e são apavorantes e muito nojentos! Seu esteriótipo é aterrorizante (imagino como seriam se, por acaso, o livro for filmado - que, ao que tudo indica, será!)... São seres considerados uma praga, analogia feita - no livro I - aos ratos! Isso, uma praga de ratos! 

Tudo começa no Aeroporto Internacional JK, em Nova Iorque, em um Boeing 777 da Regis Airline, vindo de Berlin... Até aí, nada de anormal, o problema é que, de repente, o avião apaga, as janelas se fecham e os canais de comunicação são silenciados! Nenhum sinal de vida... Nada! Os passageiros são dados como mortos e surge o pânico de um possível ataque biológico. Dessa forma, o Dr. Ephrain Goodweather - responsável pelo Projeto Canário, do Centro de Controle de Doenças, é acionado e é o primeiro a subir a bordo do avião... e é aí que o seu pior pesadelo inicia! 

O protagonista da história é o próprio Dr. Eph, uma pessoa normal, tranquilo, divorciado e que só quer passar o seu tempo ao lado de seu filho Zac.Tem uma relação um tanto quanto conturbada com sua ex-mulher, Kelly e tenta manter uma relação amorosa com Nora, colega de trabalho.

Além desses personagens, outros surgem ao decorrer dos livros... 

O foco passa, principalmente nos livros I e II, para Abraham Setrakian, um senhor dono de uma loja de penhores, sobrevivente do Holocausto, e grande especialista em Vampiros. Além dele, surge Vasily - que trabalha com controles de pragas, e, com o passar das linhas, percebemos que nenhum personagem surge por acaso e depois desaparece... está tudo interligado.

Uma "pandemia vampiresca" se espalha por todo a cidade de Nova Iorque... E o Livro I dá início à essa trilogia sensacional. O livro prende do início ao fim, e, na última página, já comecei a contar os dias para ler a sua continuação...

O Livro II - A Queda (2010), os autores conseguiram manter o mesmo nível de suspense e de criatividade. Normalmente, quando se fala em trilogia, o segundo livro é sempre mais fraco, coisa que não acontece aqui! É emoção do princípio ao fim... A tensão da história tem início com Noturno e se mantém em A Queda. 

Nesse livro,já ocorreu uma pandemia mundial. É descoberto pelo Dr. Eph, que é através de um vírus devastador que a humanidade está sendo condenada. Durante as 349 páginas, algumas questões são levantadas, tal com a origem dessa mal, quem é ou o que é o Mestre, e descobertas são reveladas, como a ideia do 'Ente Querido', que é quando uma pessoa ao ser transformada, volta para buscar seu ente! Ou seja, nesse caso, a ex-mulher de Eph - Kelly, é contaminada e volta para buscar seu Ente Querido - Zack , seu filho. Além do 'combate entre o bem e o mal', em A Queda o leitor começa a entender como tudo realmente começou e a guerra travada pelo Mestre para conquistar o mundo.

Surge também, nesse segundo livro, as crianças cegas, que como o nome diz, são crianças transformadas em seres controlados pelo Mestre, cegas e que nos remete á uma imagem assustadora...mesmo! 

No livro há, também, uma excelente (imagino em um filme!) combate entre Setrakian e o Mestre (Sem Spoiler - Ok!), que merce toda a atenção e nos leva ao êxtase! Sim, chegamos (eu cheguei!) a torcer e vivenciar cada movimento!

E, finalmente, depois de muitos dias, mais de um ano de espera e alguns emails enviados para a Editora Rocco (sim, eu fiz isso!) FINALMENTE, é lançado no Brasil o terceiro e último livro da séria A Trilogia da Escuridão...  Livro III - Noite Eterna.
(Aqui vale um comentário: Estava eu, mera mortal e leitora, em um Shopping em São Paulo e, como de costume, vou direto para a livraria... e, ao entrar, me deparo com um funcionário levando os livros para serem expostos... preciso dizer que olhei pra ele e disse, 'um é meu!'? Acho que não,né?rs)


"Saber era a pior parte. Ter consciência de insanidade não torna uma pessoa menos  insana. Ter consciência de estar se afogando não torna a pessoa menos propensa a se afogar, só acrescenta a isso o fardo do pânico. O medo do futuro e a lembrança de um passado melhor, mais alegre, contribuíam tanto para o sofrimento  de Eph quanto a própria praga vampiresca." (p.16/17)

Só com essa passagem já dá pra sentir o clima do Livro III... É muito tenso. Tudo bem que às vezes a sensação que se tem é que os autores se perderam um pouco na história, mas é só virar a página que tudo volta ao normal! E tem momentos de tirar o fôlego! 

Já se passaram 2 anos desde o início da contaminação. Agora, a raça humana está  á beira na aniquilação e os vampiros estão dominando o mundo.  Enquanto a noite domina o dia, o sol aparece  por apenas 2h a cada dia, e a noite eterna persiste, contribuindo para a propagação da peste. Houve extermínio em massa - onde os mais poderosos, os mais inteligentes, mais ricos e mais influentes Homens foram dominados pelo Mestre. Surgem, assim, novas castas, como humanos que não foram transformados, segregados por características como: os inúteis,  os reprodutores e a sangria (pessoas com sangue tipo B e que sustentam o vasto exército do Mestre.)

O futuro da humanidade (sim, é isso mesmo!) está nas mãos do D. Eph, de Nora, Vasily e o sr. Quilan, descendente do Mestre que busca por vingança. A história toda gira em torno desses personagens, além de Zack e do Mestre. O livro mistura ficção com história, principalmente bíblica, pois os arcanjos Miguel, Gabriel e Ozriel também surgem. O eterno conflito entre o bem e o mal, entre Deus e o 'Diabo', e a eterna vingança e traição.

O Livro III fecha com chave de ouro a Trilogia da Escuridão! O final chega a ser triste e ainda continuando pensando se poderia ter sido diferente... Talvez não!
Ao que tudo indica, mesmo, e informações que saíram aqui é que a trilogia será mesmo filmada e, tenho certeza, assim como o livro, valerá a pena! 

"Hoje a noite pertence a eles, e a escuridão pode ser eterna. Em poucos anos, a epidemia de vampiros dominou o planeta, escravizando a humanidade para a alimentação e deleite do Mestre. Aparentemente, eles ganharam. Aparentemente, pois, em algum lugar lá fora, uma rede de humanos livres mantém a resistência viva."