segunda-feira, 21 de maio de 2012

Mortos entre Vivos

LINDQVIST, John Ajvide. Mortos entre vivos. São Paulo, Tordesilhas; 2012. 352 páginas

E mais uma vez, cá estou, escrevendo sobre zumbis... E, nesse caso, o livro trata além de uma simples narrativa de mortos que 'acordam' e vivem como mortos-vivos, ou, zumbis! Só que, pelo primeira vez, leio um livro que trata os seres de uma forma diferente, buscando entender e mostrar que eles podem 'sentir' alguma coisa - não como nós humanos sentimos, mas, sentir! E, o melhor exemplo disso, principalmente para lembrar que os zumbis eram pessoas 'normais' antes da transformação, é o vídeo, postada a baixo, intitulado Zombie in a Penguim Suit - de Chris Russel, disponível no youtube: (Assistam - até o fim, vale a pena!) 






Agora, vamos ao livro...

O autor de Mortos entre Vivos, o sueco John Ajvide Lindqvist, teve como obra de estréia  Låt den rätte komma in - que aqui no Brasil foi traduzido como Deixa ela entrar - 2004, e tem sido aclamado como o novo mestre do terror. Esse é o seu segundo romance (2005), que a primeira vista tem uma narrativa simples, o surgimento de zumbis nas ruas de Estocolmo. Porém, o grande detalhe: a abordagem da complexidade psicológica e social do assunto!

Apesar de ser considerado como terror, e de ter cenas que realmente parecem que está passando um filme de terror, daqueles que fechamos os olhos de tanto medo, o livro é muito triste... é doído! É triste mesmo. O drama que os personagens passam que é aterrorizante! Aflitivo!

"A morte é apenas a agulha que abre o olho para que você finalmente possa ver a luz em que vivíamos." Eva-Stina Byggmästar.

De repente, os aparelhos eletrônicos param de funcionar, uma onda de calor e cefaleia (vulgo dor de cabeça!) acomete a todos... são prenúncios de um fato que vai mudar a vida das pessoas! Numa determinada noite, os mortos recentes voltam a vida sem nenhuma explicação (aparente!), levando à população ao terror, ao desespero e, principalmente, ao saudosismo. E o Governo sem saber o que fazer... 
A história se desenvolve a partir de três família e 5 personagens principais: a garota Flora e sua avó Elvy, o jornalista Mahler e sua filha Anna e o humorista David. Cada um com seu sofrimento e reação... David perde a esposa, Mahler tenta 'resgatar' o neto morto, Elvy que acredita ser um sinal de Deus e de sua ira contra os Homens e Flora que, teoricamente, dá a entender ser a personagem mais importante e que desvenda o mistério, mas que se perde ao longo do livro!

E assim, tudo se desenvolve... E, está enganado quem pensa que nesse caso os mortos voltam para se alimentarem dos vivos, ou buscarem o ente querido e que eles sejam os principais personagens. Os 'redivivos'  são entes queridos falecidos, que  com seu retorno, despertará nos vivos sentimentos que foram interrompidos, em busca de uma segunda chance para corrigir os erros, perdoar ou ser perdoa, prorrogar a despedida ou até mesmo conseguir dizer adeus.

Na verdade, há mais um conflito psicológico entre a morte e a vida do que a mera descrição de quem morreu e voltou  ... o autor retrata os mortos-vivos em seu final, a grande explicação! Que, de acordo com um amigo que também leu o livro, uma explicação 'kardecista'! 

Em vários momentos, o livro se torna cansativo, chato, com coisas que considero desnecessárias e falha em abordar passagens mais interessantes. A parte mais chocante do livro é a tentativa desesperada do jornalista Mahler em trazer de volta seu neto Elias, que havia falecido um mês antes. E, na minha opinião, é o melhor personagem do livro! 








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