quinta-feira, 29 de março de 2012

Momentos de Decisão

BUSH, George W. Momentos de Decisão. São Paulo, Ed. Novo Século, 2012. 599 páginas.

Anjo ou diabo? Talvez essa seja a melhor pergunta para definir o ex-presidente dos Estados Unidos, George W. Bsuh. E, acredito que talvez não consiga respondê-la! Mas, vamos lá...

O livro é autobiográfico - portanto, um pouco suspeito! Divido em 14 capítulos, narra a sua história de vida, principalmente, nas decisões que foram tomadas enquanto exercia o cargo de presidente. Mas, os capítulos mais esperados certamente são aqueles que falam de suas decisões pós-11 de setembro.Só que o livro decepciona um pouco. Realmente, ele não entrega tudo...(que já era de se esperar!)

O livro incia com uma confissão, que nãos sei se todos sabiam: Alcoolismo. O ex- presidente era alcoólatra! E,descobre isso após uma pergunta de sua esposa - Laura, questionando se ele lembrava qual fora a última vez que ele não tinha bebido álcool. Depois disso, ele conta sua vida antes de sua vida pública.

Uma passagem que me chamou muita a atenção foi quando ele comenta que não é nada fácil ser filho de político (lembrando que seu pai - George H. W. Bush, foi o 41o presidente dos EUA, de 1989-93). Sei bem o que é isso...

Para quem se interessa, o livro é uma aula de política estadunidense. No capítulo 3 - Equipe, ele escreve sobre a difícil missão de montar uma ótima equipe, desde a escolha de um 'simples' aliado à escolha do vice-presidente. E, mais uma vez, para quem entende e estuda o assunto, deve concordar comigo que ele fez boas escolhas: Dick Cheney - vice, Donald Rumsfeld - secretário de Defesa, Condoleezza Rice - Conselho de Segurança Nacional e Colin Powell - secretário de Estado. Com certeza, os últimos três foram os grandes nomes da Era Bush. E, também foi falado das crises internas de seus governo, principalmente dos conflitos entre Rumsfeld e Powell (que não é muito diferente daqui do Brasil, onde há crises, conflitos, 'queda de braços' entre ministros...). Poucas decisões tomadas por Bush filho foram tão sensatas do que a escolha de sua equipe. 

ATENÇÃO: antes de me mandarem para a fogueira, não estou defendendo ninguém, apenas realizando uma análise política e estratégica ! E será a única! Juro!!! 

Mas, continuando...

Sua história política todo mundo conhece e, caso não, existe o 'São Google' para ajudar, portanto, vamos para o que realmente interessa - os atentados terroristas do 11 de setembro de 2001 e suas consequências.

Como todo mundo sabe, no dia 11 de Setembro de 2001, o presidente dos Estados Unidos é comunicado que os Estados Unidos da América estão sob ataque. São quatro aviões sequestrados, sendo que dois foram direto para as torres gêmeas do Word Trade Center, um para o Pentágono e outro, que ia em direção à Casa Branca, foi derrubado pelos próprios passageiros. De acordo com as palavras do próprio George W. Bush:
"Minha primeira reação foi de indignação. Como alguém ousava atacar os Estados Unidos?" (p.172 - grifo meu)


Antes do ataque, porém no mesmo dia, o relatório diário da CIA abordava a Rússia, a China e os conflitos na Faixa de Gaza. Agora, me pergunto, como  a maior potência política, econômica e militar do mundo não sabiam que seriam atacados? Bom, o livro não me deu essa resposta!  No total, 2.996 pessoas morrem no 11.09.01 e, o pós 11 de setembro?

Ele dedica três capítulos sobre esse assunto: 6. Em pé de guerra; 7. Afeganistão e 8. Iraque.

Novamente, sugiro o São Google para quem quer saber mais a respeito das Guerras do Afeganistão e do Iraque, mas, vou comentar o que mais me deixou perplexa...

Vou transcrever:

"Sob minha direção, o Departamento de Justiça e os advogados da CIA fizeram uma cuidadosa análise jurídica e concluíram que o programa aprimorado de interrogatório respeitava a Constituição e todas  as leis aplicáveis , incluindo as que proibiam a tortura.
Dei uma olhada na lista de técnicas. Duas delas passavam dos limites, mesmo sendo consideradas legais. Orientei à CIA a não usá-las. Outra técnica era o afogamento simulado. Certamente um procedimento severo, mas os especialistas médicos garantiram à CIA que não causavam danos permanentes.
(...) Acima das suposições, a escolha entre segurança e valores era real. Se eu não tivesse autorizado a aplicação do afogamento simulado a líderes do alto comando da Al Qaeda, teria de aceitar a ameaça de um novo ataque ao país. (...) Assim sendo, eu aprovei o uso das técnias de interrogatório." (p.224. grifos meus)


Apenas uma observação:  Afogamento simulado é uma técnica de tortura...


E o ex-presidente continua...

"Anos depois, uma vez que a ameaça parecia menos urgente e as tendências políticas mudaram, muitos legisladores se tornaram críticos contundentes, acusando os americanos de cometerem  tortura ilegal. Não era verdade. Altas autoridades jurídicas do governo dos Estados Unidos analisaram os métodos de interrogatório e me garantiram que não constituíam tortura. Sugerir que nossos funcionários da inteligência violaram a lei ao seguir orientação jurídica que receberam é insultante e errado." (p.227. grifos meus)

Bom, aqui cabe um: George W. Bush, o senhor é um fanfarrão! 

Um outro capítulo interessante é sobre o Iraque... Nesse, ele praticamente - não de forma tão clara, mas que foi uma grande besteira que eles fizeram. Afinal, não foram encontradas armas de destruição em massa. As primeiras bombas caíram em Bagdá em 19 de março de 2003. Lembrando que o presidente dos EUA tomou  a decisão de invadir o Iraque sem a autorização da ONU. Saddan Houssein foi deposto do poder e morto em 30 de dezembro de 2006.

Nos outros capítulos, nada de muito novo! O velho e bom discurso de liberdade e democracia tomam conta das linhas. Desde a relação com a Rússia até o furacão Katrina, que devastou a costa do Golfo, em Nova Orleans. 

Tem ainda muita coisa para discutir a respeito da biografia de George W. Bush, mas não vou me alongar. Acho, inclusive, que já escrevi muito. Mas, apesar de tudo, é um livro que vale a pena ler! Tentar entender o que pensa, como as decisões são tomadas, qual a postura de um 'líder político'... E, por mais que não concordemos com sua postura e com seu discurso, ele entrou para a história e só ela pode dizer se as decisões tomadas foram ou não certas! 

E, para encerrar, nada melhor do que uma frase que marcou a Era George Walker Bush:

"A guerra é nada mais do que a continuação da política por outros meios." Karl von Clausewitz 

terça-feira, 6 de março de 2012

Onze

WATSON, Mark. Onze. São Paulo: Rai, 2011.

Sabe aquela velha história de que a propaganda é a alma do negócio? Pois bem, esse livro é um grande exemplo disso... Na capa do livro: "Se você adorou Um dia, de David Nichols, este livro é para você." Na verdade, não é bem assim! O livro Um dia é beeeem melhor que este e a história então, diferentes!

Apesar de não ser um grande livro, mas história/tema é boa! Narra a vida de 11 personagens que sem saberem, estão interligados. O personagem principal se chama Xavier Ireland, australiano, mas mora em Londres e é radialista do programa Linha da Madruagda, que tem como ouvintes insones à espera de palavras de conforto.


O mais interessante é que um simples ato, de uma única pessoa pode e atinge diretamente outras 10 pessoas, uma reação em cadeia com inevitáveis e inimagináveis consequências. Portanto, uma ação não feita por Xavier muda a vida de 1) Alessandro Romano - barman italiano, 2) Edith Thorne - apresentadora de TV, 3) Stacey Collins - jornalista,  4)Maggie - psicóloga, 5) Roger - corretor imobiliário, 6) Ollie - corretor imobiliário, 7) Jullius - estudante e obeso,8) Andrew Ryan - proprietário de um restaurante,9) Jaqueline Carstains - crítica gastronômica, 10)  Frankie - filho de Jaqueline. 



Esse livro me fez pensar sobre os nossos atos e suas consequências. Pode parecer auto-ajuda, ou 'momento de filosofar', mas é verdade... Impressionante como uma única pessoa consegue transformar a vida de outras tantas, como um simples ato, uma decisão, uma palavra dita... uma única coisa, pode ser capaz de mudar uma vida! Isso me lembra uma frase que li recentemente, que fala sobre consequência...

 "Não há nada no mundo, nem recompensa, nem castigo, o que há são consequências." Robert Green Ingersoll

Um ato... muitas vidas...

"Numa quitinete alugada em Tottenham, o barman italiano Alessandro Romano está com o coração partido ao voltar para a casa, às duas da manhã, porque foi abandonado por sua amante Edith Thorne, porque ela tinha de salvar o casamento, porque foi denunciada pela jornalista Stacey Collins, porque sua amiga Maggie perdeu a fé no emprego e decidiu espalhar os podres de seus clientes, porque um corretor imobiliário chamado Roger foi rude com ela, porque ele recebeu acidentalmente uma mensagem desagradável de seu colega Ollie, que estava usando um celular provisório, porque o seu BlackBerry foi roubado por um garoto gordo, Julius, porque o garoto precisava de dinheiro para a mensalidade da academia, porque ele foi despedido pelo dono do restaurante egoísta Andrew Ryan, que estava reagindo a uma crítica destrutiva, que foi escrita por Jaqueline Carstain, que estava de ma humor porque o filho dela, Frankie, foi espancado, porque Xavier não impediu os agressores."p.221