domingo, 5 de fevereiro de 2012

Outras vidas que não a minha

CARRÈRE,Emmanuel. Outras vidas que não a minha. Rio de Janeiro; Objetiva, 2010. 220 páginas.

Antes de mais nada, que livro triste... doído de verdade! Não conhecia o autor, muito menos esse livro e comprei por causa do título - achei sensacional! Além do título, a história prometia muita emoção! E com certeza, foi emoção do início ao fim...

O livro narra a história de duas famílias e as consequências da perda, da dor, do sofrimento...

Começa falando de um casal que perde a filha de 4 anos e das milhares de pessoas que perderam suas vidas no tsunami, ocorrido no final de 2004, no Sri Lanka. Depois, o livro todo se desenvolve com a história de dois personagens, com histórias de vida semelhantes: Juliette e Éttiene. Juliette (cunhada do autor) enfrentou um linfoma (câncer no sistema linfático) quando tinha 16 anos e, aos 32 anos se depara com um novo câncer de mama com metástase para os pulmões. Por causa da radiação recebida no primeiro câncer, Juliette teve consequências físicas, com limitações nos movimentos das pernas. Mais tarde, casa com Patrice, tem 3 filhas e é juíza em Vienne/França. E é no tribunal que conhece Éttiene, também juiz e que, também passou, quando adolescente, por um câncer na perna e que teve que amputá-la! Portanto, são dois amigos sobreviventes dessa doença e com consequências físicas, exatamente nas pernas!

E assim o livro segue, contando a vida dos outros, ora impactada por notícias boas ora por notícias ruins, ora por alegrias ora por tristezas... E, como sobreviver com a perda prematura? E como seguir em frente, vivendo, depois de tanta dor?

Confesso que foi um livro um pouco difícil de ser lido, principalmente quando o autor fala sobre o impacto do câncer e do tratamento, não só na pessoa, mas em todos que estão ao seu redor! A sensação que se tem é de que a vida está sendo traída, por uma doença tão devastadora, tanto física quanto psicologicamente!

"Talvez seja isto que procuremos ao longa da vida, nada além disto, o maior sofrimento possível para nos tornarmos nós mesmos antes de morrer."p. 103

"Eu queria, esta manhã, que uma mãe estranha fechasse as minhas pálpebras. Eu estava sozinho, fechei-as então eu mesmo." p.12

"Toda vida, evidentemente, é um processo de demolição" p.65 (frase de F. Scott Fitzgerald)

"Mas uma das coisas que ele amara em Juliette é que ela não era a mulher que ele deveria ter tido normalmente. Ele a empurrara, desviara do seu trilho. Ela era a diferença, o inesperado, o milagre, o que acontece uma vez na vida e também se tivermos muita sorte. É por isso que não vou me queixar, concluiu Patrice: tive essa sorte." p. 202

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