domingo, 26 de fevereiro de 2012

A Casa

VIANCO, André. A casa. Osasco: Novo Tempo; 2008. 227 páginas


É impressionante como as histórias escritas em algumas páginas conseguem nos levar para um mundo no qual não pertencemos, com personagens que não convivemos e vidas que não são nossas, mas que, ao lermos a ultima linha, temos a certeza de que, mesmo sendo outras vidas, poderiam ser as nossas vidas! Nos envolvemos de tal forma que imaginamos cada personagem, vivemos cada história e sofremos cada dor sentida! E esse livro é um grande exemplo disso... Por sinal, quem vê a capa desse livro não imagina que seja tão "tocante e sensível, surpreendente e hipnótico. Uma viagem obrigatória para os que buscam algo para mexer com a mente e o coração."

Acredito que pouquíssimas pessoas conheçam o escritor André Vianco, brasileiro, morador de Osasco/SP e que é mais conhecido pelos seus livros de vampiros (que são excelentes!). Porém, quem ainda não teve a oportunidade de ler um livro dele, comece por esse! Não é a primeira vez que leio esse livro e cada vez que o faço, tenho as mesmas sensações, tal como a primeira vez!

São páginas recheadas com a história de quatro pessoas que, em algum determinado momento de suas vidas deram um passo errado, ou mesmo foram transformados por passos errados de outras pessoas, mas que mudaram suas vidas. Foram anos de sofrimento, de muita dor, muito arrependimento e eternos questionamentos de "por que eu?", "por que comigo?"... Vidas transformadas, vidas destruídas, vidas sem esperanças, vidas sem vida!

Mas, por ironia - ou não - do destino ou da vida, essas quatros pessoas tiveram a oportunidade de voltar e consertarem o passado. Que, como dizia W. Shakespeare: Jogamos o passado no abismo, mas não nos viramos para ver se ele está realmente morto. E, ele nunca está! Só que naquele momento, naquele exato momento em que entram na casa e ficam diante da sua porta, da porta da sua vida, cada um teve a chance à uma segunda chance!

É impossível não se emocionar com as palavras escritas nesse livro! Já na primeira página, o autor tem a sensibilidade de começar com um simples e forte resumo do que vamos encontrar nas próximas 227 páginas:

"Vou contar a história de quarto corações perdidos, quatro corações que foram açoitados e que neste conto vão se encontrar. Quatro corações que estiveram naquela casa e que nela acharam a paz. Não duvide do poder da casa, pois eu já estive lá, e a força é de impressionar. Ela cura qualquer coração. Não sei se você me entendeu bem, mas eu disse: "qualquer" coração."

É um livro que fala da dor da perda, do arrependimento, dos erros cometido, da falta de esperança, da solidão, da vontade de voltar ao passado, da necessidade de perdoar e ser perdoado!!! É um livro lindíssimo, sensível, triste, encantador e que, com certeza, vai ter arrancar muitas lágrimas...

"Hélio tirou uma lágrima que desprendia do olho. Em seguida passou a mão sobre o cabelo da filha. Abaixou-se e beijou-lhe a testa. Acalmou-se. sabia a história de cor, mesmo assim, esforçando-se para não desatar o aperto de mão, apanhou o livro na cabeceira. Abriu na página que exibia o cavaleiro em frente à cela do  calabouço, brandindo sua espada heroicamente.
-"...vem, princesinha!- bradou o valente fidalgo. - Saia da escuridão e vamos embora daqui. Não tenha medo princesinha, pois eu já matei o dragão e venci a malvada bruxa. Já limpei o caminho até nosso ensolarado castelo onde te espera o amor e a compreensão. Vem, princesinha! Deixa essa cela escura e me dê a mão". - declarou o pai de Mariana, emocionado, olhando para a pequena princesinha que, finalmente, por obra divina, atendia seu chamado e apertava-lhe a mão."p.227

2 comentários:

  1. Detesto a ideia de pensar que não posso consertar as coisas. Então descobri esta frase: "Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim." do Chico Xavier, e não importa se as pessoas tenham ou não uma religião, somos roteiristas da nossa própria vida, onde cada um de nós é o protagonista, seja pra ser o mocinho ou o vilão de nós mesmos...

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  2. E é isso mesmo, Letícia... somos protagonista de nossa própria história!
    Esse livro é lindíssimo... e muito triste! Impossível não deixar uma lágrima escapar! A possibilidade de conseguir consertar alguma coisa, de poder ter uma chance, é sentida e sempre há aquele fiozinho de esperança de termos uma segunda chance, também!

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