sábado, 7 de janeiro de 2012

A Insustentável Leveza do Ser

KUNDERA, Milan. A Insustentável Leveza do Ser. São Paulo; Companhia das Letras,2008. 307 páginas.

Até o momento, não posso reclamar dos livros escolhidos (ok! Mas esse é o segundo do ano!), e esse foi mais um que me surpreendeu. Confesso que sempre tive a curiosidade de lê-lo, inclusive não assisti o filme - com o mesmo título - por causa da teimosia e mania de ler o livro antes!
E, surpreendentemente (outra vez!) ganhei o livro de presente de um grande amigo, no final de 2011 e, sua dedicatória fez com que eu, finalmente, encarasse essa leitura: "Para aquela que já leu (quase) tudo: a leveza construída num contexto político e social pesado," E, é assim que começo a falar sobre essa leveza!!!

Para se entender a complexidade do livro, uma contextualização é necessária: lançado em 1982, o livro foi escrito no auge da Guerra Fria, em um mundo dividido em esquerda e direita, comunismo/socialismo e democracia, bem e mal, certo e errado... O romance se passa na cidade de Praga (hoje, República Tcheca), na década de 1960, durante a invasão russa à Tchecoslováquia. O clima de tensão é permanente, assim como à caça aos comunistas e a busca pela liberdade! Porém,o que mais me chamou a atenção não foi o clima político - que até entendo que talvez tenha sido essa intenção do autor... Mas foi a complexidade dos personagens e das relações sociais.
São quatro protagonistas: Tomas, Tereza, Sabina e Franz. E que, de alguma forma - principalmente emocional, estão ligados entre si! A relação doentia entre Tomas e Tereza, o impulso sexual entre Tomas e Sabina e Franz, as consequências das decisões, o passado não resolvido, os erros de uma única pessoa que mudam a vida de várias, o belo, o trágico, as dores, os amores, as descobertas, a dependência afetiva, a necessidade de libertar, o questionamento de que "tem que ser assim?", a certeza de que "Sim,tem que ser assim!", o peso e a leveza do ser!
Esse é o resumo! Seria injusto da minha parte relatar mais...
É um livro complexo, pesado, exige do leitor, dolorido, angustiante... Mas, excelente!

"Mas o que pode valer a vida , se o primeiro ensaio da vida já é a própria vida? É isso que leva a vida a parecer sempre esboço. No entanto, mesmo esboço não é a palavra certa, pois um esboço é sempre o projeto de alguma coisa, a preparação de um quadro, ao passo que o esboço é a nossa vida não é o esboço de nada, é o esboço sem quadro. Tomas repete para si mesmo o provérbio alemão: einmal ist keinmal, uma vez não conta, uma vez é nunca. Poder viver apenas uma vida é como não viver nunca" p.14

P.S. - por muitas vezes, Beethoven é citado, portanto, seria impossível escrever não tendo como trilha sonora Ludwig van Beethoven! Fica a dica!

2 comentários:

  1. Ainda bem que eu não passei da segunda folha... Eu não tenho estrutura emocional pra esse tipo de livro mais... hahahahaha...

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  2. E, não é exagero, mas o livro é complicado... não que seja triste, sem o 'felizes para sempre', mas o psicológico dos personagens, totalmente desestruturados, é complicado!!!

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